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Antes de morrer, Maguila aceitou doar cérebro para pesquisas da “demência do pugilista”

Antes de morrer, Maguila aceitou doar cérebro para pesquisas da “demência do pugilista”

Lara Tavares
Por Lara Tavares | 24 de outubro de 2024

O ex-peso-pesado José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, de 66 anos, morreu nesta quinta-feira (24/10). Há 11 anos ele recebeu o diagnóstico de encefalopatia traumática crônica (ETC), conhecida como “demência do pugilista”.

Em 2018, o pugilista veio a público informar que ele pretendia doar seu cérebro após a morte para pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo seria permitir que o grupo, que já o acompanhava em vida, aprofundasse os conhecimentos sobre a “demência do pugilista”.

Na ocasião, o neurologista Renato Anghinah, da Faculdade de Medicina da USP, elogiou a iniciativa do atleta e destacou a importância das doações de cérebros. “Receber cérebros de pessoas que tiveram doenças desse tipo é fundamental não só para entender a doença, mas para tentar ver como se previne a doença e evitar que outras pessoas fiquem doentes”.

A ETC é uma doença neurodegenerativa que não tem cura. Ela é provocada por repetidos traumatismos na cabeça ou no crânio. Vários atletas conhecidos, como o boxeador Muhammad Ali, o lutador de MMA Chuck Liddell e uma série de atletas do futebol americano conviveram ou convivem com o problema.


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“No caso do Maguila, ex-lutador de boxe, é provável que sua longa exposição a golpes na cabeça ao longo de sua carreira tenha contribuído para o desenvolvimento de ETC. A doença, muitas vezes, é associada a sintomas neuropsiquiátricos, como alterações de humor, depressão, agressividade, problemas de memória e, em estágios avançados, comprometimento cognitivo severo que pode evoluir para demência”, explica a neurologista Claudia Klein.

Semelhante ao Alzheimer

Segundo o Manual MSD, as pancadas características do boxe fazem com que o cérebro se mova bruscamente dentro da caixa craniana, o que pode romper pequenos vasos sanguíneos e causar lesões no órgão. Acumuladas, as lesões levam a um processo de produção de emaranhados tóxicos de proteínas que têm efeitos semelhantes ao Alzheimer e criando um quadro irreversível e progressivo.

*Com informações do Metrópoles