
Presidente do Caprichoso descarta ausência no Festival de Parintins 2026 e ressalta: “Não mais com esse formato de jurados”

Durante entrevista exclusiva ao jornal “Meio Dia com Jefferson Coronel”, o presidente do Boi Caprichoso, Rossy Amoedo, descartou a possibilidade do boi da estrela não entrar na arena do Bumbódromo, no Festival de Parintins 2026.
“Enquanto eu estiver presidente, ele nunca vai deixar de fazer grandes espetáculos. Ele nunca vai ameaçar o festival de não entrar na arena por algum outro motivo como não foi nesse ano. Eu sabia que ele tinha duas pessoas lá, nós fomos e fizemos o nosso melhor. Nós fomos e entregamos por respeito aos patrocinadores, por respeito aos turistas, por respeito aos torcedores apaixonados, por respeito às famílias parintinenses que dependem dessa engrenagem econômica”, disse ele, após suposições de que, devido ao resultado deste ano, em forma de protesto, o Caprichoso não participaria dos próximos festivais.
Segundo o presidente, a ideia é tomar medidas judiciais após suspeitas de fraude na votação.
“O nosso protesto é conduzido com muito respeito. Vai ser uma questão judicial”, contou ele.
“Esse fato de dizer ano que vem a gente não vai entrar, isso não existe. O Caprichoso vai se preparar mais uma vez, nós vamos colocar mais um boi grandioso como a gente sempre fez”, disse, e, em seguida, ressaltou: “Mas não mais com esse formato de jurados. Não mais com essa forma como foi conduzido esse ano. Esse aí eu não admito nunca mais”, finalizou ele.
Veja a fala dele:
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Caprichoso entrega dossiê com denúncias de manipulação
O clima tenso após o resultado do Festival Folclórico de Parintins 2025 ganhou novos contornos nesta terça-feira (1º), quando a Associação Cultural Boi-Bumbá Caprichoso tornou públicos três documentos com denúncias de supostas irregularidades na composição do corpo de jurados deste ano. A Rede Onda Digital teve acesso exclusivo ao material, que aponta desde interferências políticas e vazamentos estratégicos até indícios de corrupção e favorecimento institucional.
O dossiê foi entregue à imprensa e à Comissão Organizadora do Festival. Os documentos têm como alvo dois jurados específicos: Marcos dos Santos Moreira, do Bloco A (Música), e Hylnara Anny Vidal, do Bloco B (Cênico/Coreográfico).
1º Documento: Dossiê Acusativo
Com ênfase na cronologia dos acontecimentos entre os meses de janeiro e junho de 2025, o Dossiê Acusativo detalha o que o Caprichoso chama de “interferência sistêmica” no processo de escolha dos jurados. O texto aponta uma articulação atribuída ao grupo político conhecido como “Deltas”, vinculado ao Boi Garantido, que teria atuado para adiar reuniões, derrubar nomes considerados neutros e forçar a indicação de jurados alinhados à agremiação vermelha.
Entre as denúncias, constam relatos de acesso não autorizado a listas internas, interferência direta de agentes políticos e até supostos alertas do prefeito de Parintins a jurados ligados ao Garantido, pedindo equilíbrio no resultado. O material também descreve tentativas de manipulação por meio de hospedagem e vazamento de informações a partir de hotéis e servidores municipais.
2º Documento: Impugnação formal de Marcos Moreira
O segundo documento apresentado é um pedido de impugnação formal do jurado Marcos dos Santos Moreira, alegando conflito de interesses. Segundo o Caprichoso, Marcos mantém relação profissional contínua e documentada com Manoel Vieira Rocha Júnior, ex-jurado e articulador próximo ao grupo político do Garantido. Ambos atuam juntos há mais de uma década em um projeto de pesquisa na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o que, segundo o regulamento do festival, configuraria impedimento legal.
O Caprichoso sustenta que a relação acadêmica entre os dois é pública, hierárquica e ativa, desrespeitando o artigo 13, parágrafo 3º do regulamento do festival, que veda vínculos técnicos e institucionais com as agremiações. A agremiação azul solicita a retirada de Marcos do corpo de jurados e sua substituição por nome isento do cadastro reserva.
3º Documento: Relatório contra Hylnara Vidal
No terceiro documento, intitulado “Relatório de Dossiê para Análise de Impugnação de Jurado”, o Caprichoso questiona a presença da jurada Hylnara Anny Vidal Oliveira, integrante do bloco Cênico/Coreográfico. De acordo com o relatório, Hylnara teria sido indicada por Socorro Batalha, que é esposa de Alvatir Carolino da Silva, ambos com supostas ligações com a agremiação Garantido.
O documento acusa Hylnara de não exercer mais sua profissão original (atriz e cineasta), atuando atualmente como vendedora de roupas em uma franquia de moda. Além disso, o Caprichoso afirma que houve edição de seu currículo e perfil no LinkedIn, supostamente com ajuda de aliados, para atender aos critérios do edital.
O mais grave, segundo o relatório, são os relatos de que Hylnara teria recebido orientações diretas para atribuir notas 10 ao Garantido e reduzir a pontuação do Caprichoso, além de aceitar justificativas e notas prontas enviadas por aliados políticos.
Solicitação de providências
A Associação Cultural Boi-Bumbá Caprichoso solicita que a Comissão Organizadora do Festival se posicione de forma transparente diante das denúncias, reforçando o pedido de impugnação dos dois jurados citados nos documentos.
Os dirigentes azuis alegam que o conjunto das informações compromete não apenas a isenção do julgamento, mas também a imagem do Festival de Parintins enquanto patrimônio cultural imaterial do Brasil.
Até o momento, não houve manifestação oficial da comissão organizadora, tampouco dos jurados citados. A Rede Onda Digital segue acompanhando os desdobramentos do caso.