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Estudo indica que exercícios ajudam a combater a insônia

Estudo indica que exercícios ajudam a combater a insônia

Josemar Antunes
Por Josemar Antunes | 19 de julho de 2025

Um estudo da Universidade de Medicina Chinesa de Pequim, mostra que exercícios como ioga, tai chi chuan e caminhada podem ser opções eficazes e acessíveis para pessoas que sofrem de insônia. O estudo, que analisou 1.348 indivíduos com problemas de sono, indicou melhorias consistentes, embora os médicos enfatizem que cada caso requer atenção personalizada. O periódico online BMJ Evidence Based Medicine publicou a conclusão.

Casal fazendo ioga fitness (Foto: Prostooleh Freepik)
Casal fazendo ioga fitness (Foto: Prostooleh Freepik)

Para essa análise, foram considerados ensaios clínicos realizados até abril de 2025, com 1.348 participantes e 13 métodos de tratamento distintos para aliviar a insônia. Sete desses métodos eram baseados em exercícios: ioga; tai chi chuan; caminhada ou corrida; exercícios aeróbicos combinados com exercícios de força; treinamento de força isolado; exercícios aeróbicos associados à terapia; e exercícios aeróbicos mistos. A duração desses programas variou de quatro a 26 semanas.

Siane Prado, coordenadora do time de neurologia do Hospital Brasília Águas Claras, da Rede Américas, elogia os progressos da pesquisa, porém aconselha prudência.

“A ideia de que o tratamento pode ir além dos fármacos e envolver o corpo em movimento, a respiração consciente e o equilíbrio mente-corpo é algo muito alinhado com uma medicina mais integrativa e preventiva. É fundamental observar a qualidade metodológica dos estudos, os tamanhos de efeito reais e os limites da generalização”, destacou.

Giulliano Gardenghi, fisioterapeuta com doutorado em ciências e coordenador científico do ING e do Hospital Encore, declarou que a pesquisa contradiz várias publicações recentes que demonstram a eficácia dos exercícios, bem como das atividades de concentração e respiração, na melhoria da qualidade do sono.

“A gente sabe que o exercício com atividade moderada funciona, sim, na melhora do paciente”, afirmou ele, complementando com treinamento em uma sala de musculação. Segundo ele, meditação e ioga também colaboram muito.

O estudo levou em conta as técnicas de terapia cognitiva comportamental, a higiene do sono, sessões de acupuntura e massagem, além de alterações no estilo de vida, durante um período de seis a 26 semanas. Os pesquisadores enfatizam que é preciso levar em conta o aspecto social do estudo: “o baixo custo, os efeitos colaterais mínimos e a alta acessibilidade — essas intervenções são apropriadas para serem incorporadas a programas de atenção primária e saúde comunitária”.

Tatiana Rodrigues Cardoso, coordenadora da fisioterapia do Hospital Anchieta, considera que os resultados do estudo são bastante significativos. No entanto, com base em sua vasta experiência, ela ressalta a importância de levar em conta os interesses e a vida do paciente.

“Precisamos identificar os exercícios que os mesmos melhor se adaptem, para que sigam as rotinas com estes exercícios, como também criar ambientes propícios para o descanso, adotar hábitos saudáveis e evitar estímulos antes de dormir. Assim teremos um potencial terapêutico a favor da melhora da qualidade do sono”, apontou.

Eduardo Waihrich, PhD, neurocirurgião vascular e chefe da neurocirurgia vascular na rede Kora Brasília e no Hospital Sírio Libanês em Brasília, aconselha adotar uma perspectiva abrangente em relação ao paciente.

“A principal causa de insônia, sem dúvida alguma, são os comprometimentos de saúde mental, especialmente depressão e ansiedade. Tratar essas doenças de forma adequada inclui o seguimento com um bom especialista em saúde de mental, com a ponderação de associar ou não medicações psicotrópicas, apoiado por suporte psicoterápico e, impreterivelmente, mudanças no estilo de vida”, explicou.

Resultados

O estudo mostra que a ioga pode aumentar o tempo total de sono em quase duas horas e melhorar a eficiência do sono em cerca de 15%. Além disso, pode diminuir o tempo necessário para adormecer em quase uma hora e reduzir a latência do sono em aproximadamente meia hora. Resultados comparáveis foram observados nos pacientes que realizaram caminhadas e práticas de tai chi chuan. Os cientistas sugerem que a ioga pode modificar a atividade cerebral, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade e os sintomas depressivos que frequentemente afetam a qualidade do sono.


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Por outro lado, o tai chi foca no controle da respiração e no relaxamento físico, e mostrou reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, diminuindo a hiperexcitação. A caminhada contribui para a melhoria do sono ao elevar o gasto energético, diminuir a produção de cortisol, aprimorar a regulação emocional, estimular a secreção do hormônio do sono, a melatonina, e aumentar a duração do sono profundo.

“O exercício proporciona ainda controle de várias patologias, de peso, emocional, ansiedade, qualidade de vida, dentre outros. Precisamos identificar quais atividades melhor se adaptam os pacientes e criar ambientes para o descanso, além de orientar sobre hábitos saudáveis e estímulos antes de dormir. Assim teremos um potencial terapêutico a favor”, acrescentou a coordenadora da fisioterapia do Hospital Anchieta Tatiana Cardoso.

Medicamentos complementares

A insônia está ligada a um estado de hiperalerta e a uma elevação na atividade do sistema nervoso simpático. Atividades como ioga e tai chi chuan ativam o sistema nervoso parassimpático, favorecendo o relaxamento e diminuindo a frequência cardíaca, a pressão arterial e a atividade cerebral em regiões ligadas à vigilância. É importante ressaltar que esses métodos não substituem completamente outras abordagens, especialmente em casos graves de insônia ou quando existem comorbidades psiquiátricas ou neurológicas que exigem intervenções diferentes. No entanto, eles podem ser uma estratégia primária ou complementar muito valiosa — e frequentemente subutilizada — no manejo clínico.

“Remédios” adicionais

A insônia está ligada a um estado de hiperalerta e a uma elevação na atividade do sistema nervoso simpático. Atividades como ioga e tai chi chuan ativam o sistema nervoso parassimpático, favorecendo o relaxamento e diminuindo a frequência cardíaca, a pressão arterial e a atividade cerebral em regiões ligadas à vigilância. É importante ressaltar que esses métodos não substituem completamente outras abordagens, especialmente em casos graves de insônia ou quando existem comorbidades psiquiátricas ou neurológicas que exigem intervenções diferentes. No entanto, eles podem ser uma estratégia primária ou complementar muito valiosa — e frequentemente subutilizada — no manejo clínico.

Temas:Ioga