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“É imoral, é algo que não faz absolutamente nenhum sentido de existir”, afirma Rodrigo Guedes sobre o recesso parlamentar

“É imoral, é algo que não faz absolutamente nenhum sentido de existir”, afirma Rodrigo Guedes sobre o recesso parlamentar

Lucas Costa
Por Lucas Costa | 19 de julho de 2025

Em entrevista exclusiva à Rede Onda Digital, o vereador Rodrigo Guedes (PP), da Câmara Municipal de Manaus (CMM), foi questionado sobre o recesso parlamentar que ocorre todos os anos tanto na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) quanto na própria CMM. Segundo Guedes, ele é contra a paralisação das atividades no plenário, uma vez que, durante o recesso, apenas os parlamentares deixam de atuar, enquanto o funcionamento administrativo da Casa segue normalmente.

“Eu sou contra o recesso parlamentar do meio do ano porque não faz sentido algum você parar as atividades do plenário. A Câmara está aberta. Eu mesmo estou aqui no gabinete neste momento e é óbvio que o recesso não significa necessariamente férias. Seria férias se tudo parasse, se a Câmara fechasse. Minha equipe está trabalhando a todo vapor e eu estou nas ruas, atendendo diretamente com o projeto que iniciei, o ‘Gabinete na Rua’. Com tanta coisa importante acontecendo na cidade, por que parar o plenário? Por que interromper as discussões de projetos de lei, as votações, os pronunciamentos? Por acaso a cidade parou? Não, é óbvio que não”, destacou Rodrigo Guedes.

O parlamentar também afirmou que qualquer medida criada para beneficiar exclusivamente políticos, sem atender à população, configura privilégio — algo que ele diz não compactuar. Por esse motivo, classificou o recesso parlamentar como “imoral”.


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“Eu costumo dizer que tudo que cria para o político uma possibilidade que o cidadão comum não tem já é, por si só, um privilégio. Mesmo que eu ou outros vereadores continuemos trabalhando, se eu quisesse viajar e ficar um mês fora, poderia, e nada me impediria, porque não existe obrigatoriedade de trabalho no plenário durante o recesso. Então, é imoral. É algo que não faz absolutamente nenhum sentido de existir. Não tem lógica. Acho que tem que ter, como prevê a Constituição, 30 dias de férias — o nome que quiserem dar — e o vereador decide o que fazer: se trabalha, se viaja… Mas não pode ser algo que o cidadão comum não tenha. Não tem por que parar o plenário da Câmara. Parar a discussão de projetos de lei é uma imoralidade. São resquícios de privilégios que ainda existem muito nos parlamentos, e não apenas na Câmara, como também na Assembleia Legislativa”, afirmou Guedes.

Vale destacar que Rodrigo Guedes foi o único vereador da CMM a propor oficialmente o fim do recesso parlamentar. Na ocasião, recebeu apenas três votos favoráveis à sua proposta, em um universo de 41 parlamentares.

O vereador também relatou que sua posição contrária ao recesso tem gerado críticas e retaliações de colegas da Casa, dificultando seu trabalho.

“Continuo cobrando, continuo propondo. Mas, a verdade, é que aqui dentro você acaba fazendo muita inimizade. Eles te prejudicam de todas as formas possíveis, porque você acaba expondo os vereadores. Eu acho que posso retomar essa discussão, mas o lado ruim é que, e aqui eu preciso ser muito sincero, não quero passar a impressão de que o recesso é, automaticamente, férias — principalmente nos primeiros dias ou até um dia antes do recesso”, explicou.

Por fim, o vereador — que atua na oposição dentro da CMM — aproveitou para criticar veículos de comunicação que divulgaram que os vereadores estariam “de férias”. Guedes ressaltou que não está de férias e alfinetou o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), ao citar que ele sim estaria de férias no Caribe.

“Vários veículos de comunicação noticiaram: ‘vereadores entram em férias’. Eu não estou de férias. Se estivesse, estaria no Caribe, como o prefeito. Estaria em Fortaleza, ou na Europa, ou nos Estados Unidos. Eu estou trabalhando. Então, temos que ter cuidado para não passar essa imagem errada, porque seria injusto — comigo e com minha equipe, que está 100% trabalhando. Apenas um ou outro servidor está de férias, como é seu direito. E há, sim, outros vereadores que estão trabalhando. Só precisamos ter esse cuidado para não generalizar como se todos estivessem de férias, porque isso não corresponde à realidade”, concluiu o parlamentar.

Veja a declaração do vereador: