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Mensagens de Cid orientam pagamentos de despesas de Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo

Mensagens de Cid orientam pagamentos de despesas de Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo

Ivanildo Pereira
Por Ivanildo Pereira | 15 de maio de 2023

Mensagens obtidas pela Polícia Federal, e divulgadas hoje, 15, mostram o tenente-coronal Mauro Cid, ex-auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, orientando pagamentos de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e seus parentes com dinheiro vivo. Elas também mostram Cid orientando às assessoras que depositassem valores em uma conta bancária de Michelle.

A prática de pagamentos em dinheiro vivo, segundo a Polícia Federal, serve para dificultar a origem do dinheiro. Em relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF diz ver indícios de desvio de dinheiro público, em valor ainda a ser apurado.


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Cid teve seu sigilo de mensagens quebrado em 2021, dentro do inquérito sobre o vazamento de dados sigilosos com o objetivo de atacar o sistema eleitoral. Ele foi preso no início deste mês, sob suspeita de envolvimento em adulteração de dados de vacinação do ex-presidente Bolsonaro, de sua filha e da família do próprio Cid dentro do sistema do Ministério da Saúde.

Em grupo de aplicativo de mensagens, os funcionários que atendiam Bolsonaro e Michelle pediam a quitação de despesas da então primeira-dama e de parentes dela e enviavam, em seguida, os comprovantes de pagamento. As mensagens comprovam pagamentos mensais a Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga de Michelle, totalizando cerca de R$ 10 mil.

O pagamento de um boleto de despesa médica de Maria Helena Braga, tia da ex-primeira-dama, no valor de R$ 950,27, provocou um alerta de Cid no grupo. Segundo a PF:

“Mauro Cid encaminha orientação do Exmo. Sr. Presidente da República, no sentido de o pagamento do boleto GRU [Guia de Recolhimento da União] ser feito em dinheiro para ‘evitar interpretações equivocadas'”.

No fim de setembro de 2021, o pagamento referente a Yuri Daniel Ferreira Lima, irmão de Michelle, no valor R$ 585, fez com que Cid gravasse a seguinte mensagem de áudio:

“Não tem como mandar esse tipo de boleto. Quando for assim, me manda só o pedido do dinheiro e vocês pagam por aí, porque isso não é gasto do presidente. Nem da dona Michelle! É, deve ser de um terceiro que ela está pagando aí, a conta desse terceiro aí!”.

A assessora pergunta, então, se poderia buscar o dinheiro em espécie. Mauro Cid concorda.

A PF ainda investiga a origem dos recursos usados pelos ajudantes de ordem da Presidência da República para bancar esses depósitos e pagamentos.