
Qualidade do sono: dormir pouco pode ser genético, apontam estudos

Dormir bem é essencial para a saúde física e mental. O sono adequado permite a recuperação do corpo e do cérebro, regula o humor, melhora a concentração e reduz o risco de doenças crônicas. No entanto, nem todas as pessoas têm o mesmo padrão de sono. E, segundo estudos recentes, a explicação pode estar na genética do sono.
Pesquisas científicas vêm apontando que os genes exercem papel importante nos padrões de sono. Embora ainda não exista um gene único responsável por regular o sono, cientistas já identificaram diversas regiões genéticas associadas à duração e qualidade do sono.
Um dos principais estudos sobre o tema foi publicado em 2019 na revista Nature Communications. A pesquisa analisou dados genéticos de 446 mil participantes e encontrou mais de 70 regiões genéticas ligadas ao sono. Esses dados genéticos ajudam a explicar por que algumas pessoas dormem pouco e ainda assim se sentem descansadas, enquanto outras precisam de mais de oito horas para se recuperar.
De acordo com o coautor da pesquisa, Samuel Jones, os resultados podem contribuir no desenvolvimento de novos tratamentos para distúrbios do sono.
“Como parte de um conjunto mais amplo de pesquisas, nossas descobertas têm o potencial de ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para distúrbios do sono e condições relacionadas”, disse.
Além disso, o estudo revelou que algumas variantes genéticas estão associadas a fatores de risco, como:
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aumento de gordura corporal;
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maior propensão à depressão;
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menor escolaridade formal.
Ou seja, os genes que influenciam o sono também podem estar ligados a outras condições de saúde física e mental.
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Quantas horas de sono são ideais?
A quantidade ideal de sono varia de pessoa para pessoa. Isso se deve, em parte, à genética. Enquanto algumas pessoas conseguem viver bem com apenas quatro horas de sono por noite, outras precisam de mais de oito para se sentirem realmente descansadas.
Mesmo assim, instituições de saúde como a Divisão de Medicina do Sono da Universidade de Harvard e a Associação Americana do Sono recomendam:
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adultos: entre 7 e 9 horas de sono por noite;
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jovens e adolescentes: de 8 a 10 horas;
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bebês: até 16 horas por dia.
Dormir menos que o recomendado com regularidade pode aumentar o risco de algumas doenças crônicas.

O papel do ciclo circadiano no sono
Outro componente fundamental para entender o sono é o ciclo circadiano, que funciona como um relógio interno de cerca de 24 horas. Ele é sensível à luz natural e regula diversas funções do organismo, como:
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liberação de hormônios;
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temperatura corporal;
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comportamento de alerta e sono.
Durante a noite, o corpo aumenta a produção de melatonina, o hormônio do sono. Isso acontece quando os olhos detectam a ausência de luz, sinalizando ao cérebro que é hora de dormir.
A Enciclopédia Britannica descreve o ciclo circadiano como sendo controlado por uma região cerebral chamada hipotálamo, que atua como um centro mestre na organização de ritmos biológicos:
“O sinal natural do padrão circadiano é a mudança da escuridão para a luz”.
Sintomas da privação de sono
Quem dorme menos de sete horas regularmente, sem possuir predisposição genética para isso, pode desenvolver diversos problemas, entre eles:
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cansaço constante;
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falta de concentração;
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alterações de humor;
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problemas de memória;
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dores de cabeça;
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ansiedade e depressão.

A longo prazo, a privação de sono aumenta o risco de doenças graves, como:
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infarto;
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acidente vascular cerebral (AVC);
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alzheimer;
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hipertensão.
Fatores que afetam o sono além da genética
Embora os genes sejam um fator importante, o sono também é influenciado por:
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idade;
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rotina de vida;
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exposição à luz artificial (como telas antes de dormir);
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hábitos alimentares;
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consumo de cafeína e álcool;
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nível de estresse e saúde mental.
Por isso, mesmo que a genética explique parte das variações no sono entre as pessoas, a higiene do sono e os hábitos diários continuam sendo fundamentais para garantir um descanso de qualidade.