A sessão realizada na última terça-feira (21/05) na Câmara Municipal de Natal, no Rio Grande do Norte, que aprovou o título de cidadão natalense ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi marcada por um episódio de transfobia contra a vereadora Thabatta Pimenta (PSOL).

Durante o seu discurso em oposição à concessão da honraria, Thabatta, que é uma mulher trans e mãe de uma criança atípica, foi alvo de ofensas transfóbicas proferidas por apoiadores do ex-presidente presentes na plateia.

Segundo relato da vereadora, enquanto ela manifestava seu voto contrário à homenagem, escutou frases ofensivas como “não é mulher de verdade”, “mulher do Paraguai” e “tem dois sexos”.

Vereadora Thabatta Pimenta e seu filho (Foto: Reprodução/Redes sociais).

As agressões verbais, classificadas como criminosas por Thabatta, foram registradas pela sua equipe de assessoria, que fez gravações em vídeo durante o momento do ataque. Esse material foi anexado a um boletim de ocorrência apresentado à Polícia Civil, que agora investiga o caso.

“Enquanto eu falava, eles gesticulavam na minha direção. Não ouvi tudo na hora, mas minha equipe percebeu que se tratava de falas criminosas e começou a gravar”, afirmou a vereadora em entrevista após a sessão.

Vereadora Thabatta Pimenta — (Foto: Reprodução/Redes sociais).

Thabatta também destacou que, mesmo após relatar o episódio de transfobia no plenário da Câmara Municipal, nenhuma medida efetiva foi tomada para coibir ou responsabilizar os agressores.

“A Guarda estava presente. A Câmara não fez nada. A delegada me disse que aquilo cabia prisão em flagrante, mas ninguém foi identificado ou detido”, denunciou.

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No dia seguinte, quarta-feira (22), a vereadora Thabatta Pimenta usou as redes sociais para divulgar imagens das pessoas que teriam praticado as agressões transfóbicas, pedindo a ajuda da população para identificá-las e reforçando a necessidade de responsabilização.

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Uma publicação compartilhada por Thabatta Pimenta (@eupimenta)

Em uma das publicações nas redes sociais, Thabatta compartilhou um vídeo que mostra o momento das agressões e escreveu:

“CRIMINOSOS É O QUE ELES SÃO! Bolsonaristas não aceitam o meu não ao título de cidadão natalense concedido mais uma vez a Bolsonaro e me atacam com falas criminosas!

A vereadora, que sempre se posicionou de forma contrária à concessão de honrarias ao ex-presidente Jair Bolsonaro, reiterou seu posicionamento durante a sessão.

Segundo ela, não há como homenagear “alguém responsável por mais de 700 mil vítimas da COVID-19”, referindo-se à condução da pandemia durante o governo do ex-presidente.

Veja a publicação da vereadora:

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Pronunciamento da Câmara de Natal

Diante da repercussão negativa do episódio, a presidência da Câmara Municipal de Natal divulgou uma nota oficial afirmando que “repudia qualquer forma de discriminação” e que está tomando providências para apurar os fatos.

De acordo com o comunicado, estão sendo adotadas “medidas legais e administrativas” para identificar e responsabilizar os autores dos ataques transfóbicos sofridos pela vereadora Thabatta Pimenta.

Apesar da polêmica e da denúncia de transfobia, o título de cidadão natalense para Jair Bolsonaro foi aprovado por 19 votos favoráveis, com cinco votos contrários e uma abstenção. A proposta foi apresentada pelo vereador Subtenente Eliabe (PL).

Vale lembrar que essa mesma homenagem já havia sido aprovada anteriormente, em abril deste ano, mas a decisão foi anulada pela Justiça após a vereadora Samanda Alves (PT) ter seu pedido de vistas negado, o que gerou contestação e, posteriormente, a anulação da votação.

Com a nova aprovação, a entrega oficial do título a Jair Bolsonaro está prevista para acontecer no próximo dia 12 de junho, data em que o ex-presidente deverá visitar o estado do Rio Grande do Norte.

Títulos retirados

Por outro lado, a repercussão negativa provocada pelos ataques transfóbicos à vereadora Thabatta Pimenta, os títulos de cidadão natalense que haviam sido propostos para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e para o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foram retirados de pauta.

A decisão foi tomada em meio à tensão e à indignação geradas pelos episódios de violência política e transfobia registrados durante a sessão.

*Com informações de UOL

Vereadora sofre ataques transfóbicos durante votação de honraria a Bolsonaro: “Mulher do Paraguai”