
Bolsonaro usa versículo bíblico para provocar Lula após nova tarifa imposta por Trump ao Brasil

Horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou em suas redes sociais um versículo bíblico que soou como uma provocação direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A publicação ocorreu na noite desta quarta-feira (9/7)
“Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme.” — Provérbios 29:2.
A postagem veio logo após a carta divulgada por Trump, na qual o presidente norte-americano critica duramente o Supremo Tribunal Federal (STF), questiona o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe e justifica economicamente a nova tarifa, alegando, sem provas, que os EUA estariam sendo prejudicados na relação comercial com o Brasil.
A ofensiva causou forte repercussão política em Brasília. Aliados de Bolsonaro passaram a culpar o governo Lula pelo chamado “tarifaço”, alegando que o Brasil adotou posturas contrárias aos interesses dos EUA, ao se aproximar de países como China e Irã, além de adotar uma retórica mais crítica à política externa americana.
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No entanto, no Palácio do Planalto, a leitura é diferente. Integrantes do governo apontam que a ação de Trump está ligada diretamente à movimentação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e mantém interlocução próxima ao círculo trumpista. Em nota, Eduardo classificou a medida como “Tarifa-Moraes”, em alusão ao ministro do STF Alexandre de Moraes, alegando que seria uma resposta às supostas violações de liberdade de expressão no Brasil.
Fontes ligadas ao governo federal e ao PT enxergam na carta uma estratégia bolsonarista para internacionalizar a crise judicial de Bolsonaro, tentando usar Trump como aliado político para enfraquecer a credibilidade das decisões do Supremo. A retórica estaria menos ligada ao comércio e mais à narrativa de perseguição.
Nos bastidores, a base governista já começou a reagir com slogans nas redes sociais que confrontam essa narrativa:
“Lula quer taxar os super-ricos. Bolsonaro quer taxar o Brasil.”
A frase tem sido usada como contraponto, apontando que a articulação de uma medida tão agressiva contra o Brasil surgiu de aliados do ex-presidente, e não de um embate legítimo entre governos.
Em resposta oficial, Lula reafirmou a soberania do Brasil e garantiu que qualquer medida unilateral será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica. Para o presidente, o país não aceitará ameaças ou interferências externas em decisões que cabem exclusivamente às instituições brasileiras.
*Com informações do G1.