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Chefe de facção criminosa e PM trocam mensagens por APP no Rio de Janeiro

Chefe de facção criminosa e PM trocam mensagens por APP no Rio de Janeiro

Phill Vasconcelos
Por Phill Vasconcelos | 02 de maio de 2025

Relatório da Polícia Federal (PF) revela indícios de uma relação direta e contínua entre o traficante de armas e drogas Phillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, e integrantes da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Apontado como um dos líderes da facção Comando Vermelho, o criminoso teria negociado semanalmente valores de propina com policiais militares em troca da suspensão de operações em comunidades dominadas pelo tráfico.

Segundo informações divulgadas pelo G1, a conversa é parte da investigação Dakovo, que apura o fornecimento internacional de armamentos para facções brasileiras. Segundo a PF, o Professor atua na compra de fuzis e pistolas no Paraguai, Bolívia e Colômbia para abastecer o crime organizado no Rio.

Em mensagens interceptadas pela PF, datadas de fevereiro de 2022, PMs reclamam do valor da propina semanal — cerca de R$ 1,2 mil — e ameaçam retomar ações nas favelas caso o montante não seja reajustado. O traficante, por sua vez, reage com irritação e afirma que manterá o valor. “Você tá falando com Professor, mano. Não é nenhum bola rasteira não”, responde em um dos trechos.

(Foto: reprodução)

As conversas, mantidas entre 2022 e 2023, também indicam que o criminoso teve acesso a documentos internos da corporação, como um boletim da PM datado de 18 de maio de 2022. O informe trazia dados pessoais e informações de movimentação de policiais lotados nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), expondo nomes e RGs dos agentes. A tela com o conteúdo do boletim foi enviada diretamente ao traficante.


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Professor está foragido desde setembro de 2018, quando recebeu autorização judicial para visitar a família e não retornou ao sistema prisional. Ele havia sido preso pela primeira vez em 2015, após deixar o Complexo do Alemão, onde se escondia.

O que diz a PM

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, apesar de a operação da PF ter começado há mais de dois anos, a Corregedoria da corporação ainda não foi formalmente notificada. No entanto, diante da gravidade dos indícios, a Corregedoria já solicitou acesso ao material da investigação para instaurar procedimento interno e apurar as possíveis responsabilidades.

“A documentação é essencial para a identificação dos envolvidos”, diz o comunicado.

Veja a nota da Polícia Militar do Rio de Janeiro na íntegra

“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, embora a operação da Polícia Federal tenha sido desencadeada há mais de dois anos, a Corregedoria Geral da Corporação ainda não foi notificada sobre a investigação.

Contudo, diante da gravidade do fato, a CGPM já solicitou uma cópia dos autos à Polícia Federal para, de imediato, instaurar um procedimento apuratório com objetivo investigar as responsabilidades dos agentes envolvidos na denúncia.

Cabe ressaltar a importância da documentação para a identificação dos possíveis envolvidos