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Povos indígenas cobram devolução de artefatos guardados há um século no Vaticano

Povos indígenas cobram devolução de artefatos guardados há um século no Vaticano

Ingrid Galvão
Por Ingrid Galvão | 29 de maio de 2025

No Vaticano, milhares de artefatos indígenas continuam guardados em cofres e museus, apesar das promessas de devolução feitas pelo papa Francisco anos atrás. Agora, líderes das Primeiras Nações, Inuit e Métis pressionam o novo pontífice, Leão XIV, para que ele finalize o processo e devolva os objetos às comunidades de origem no Canadá.

Entre as peças estão um raro caiaque Inuit, luvas bordadas Cree, cintos sagrados wampum e colares de dente de baleia Beluga relíquias consideradas testemunhos de uma era de apagamento cultural.

Esses itens foram enviados ao Vaticano durante o papado de Pio XI, nos anos 1920, como parte de uma grande exposição missionária. À época, missionários coletavam objetos indígenas enquanto, paralelamente, as escolas residenciais no Canadá tentavam apagar a identidade desses povos, proibindo crianças de falar suas línguas e praticar suas tradições. Milhares de crianças morreram por abusos e negligência nesses internatos, que funcionaram até 1998.


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Embora a Santa Sé afirme que muitos dos artefatos foram “presentes”, estudiosos e líderes indígenas contestam essa versão. “Esse período de aquisição foi um período verdadeiramente assimilativo na história colonial canadense”, explica a professora Gloria Bell, especialista em história da arte indígena.

Após um pedido histórico de desculpas feito por Francisco em 2022, durante uma visita ao Canadá, muitos esperavam que as relíquias fossem logo repatriadas. No entanto, até agora, nenhuma medida foi tomada.

“Esses objetos não são apenas coisas; são legados, histórias que deveriam ter sido passadas de geração em geração”, afirma Laurie McDonald, anciã da Nação Cree Enoch. Para ela e outros líderes indígenas, a devolução das peças não é apenas simbólica é essencial para a reconciliação e a reconstrução cultural das comunidades afetadas.

*Com informações da CNN