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Justiça de SP torna réu motorista de Porsche que causou morte, mas nega prisão pela 3ª vez

Justiça de SP torna réu motorista de Porsche que causou morte, mas nega prisão pela 3ª vez

Ivanildo Pereira
Por Ivanildo Pereira | 30 de abril de 2024

A Justiça negou nesta terça-feira (30/4) o terceiro pedido de prisão feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) contra o motorista de Porsche causador de um acidente que deixou um morto e um ferido, no mês passado, na zona Leste de São Paulo.

Mesmo assim, o juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, aceitou a denúncia do MP e tornou o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, condutor do carro de luxo, réu por homicídio doloso qualificado lesão corporal gravíssima, ambos na modalidade por dolo eventual, que é, respectivamente, assumir o risco de matar e ferir.

O magistrado diz em sua decisão que o pedido de prisão preventiva foi negado porque não estava amparado por provas e se baseava por “presunções e temores abstratos”. Isso significa que Fernando responderá aos crimes em liberdade.


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O 30º Distrito Policial (DP), no Tatuapé, e a Promotoria queriam que a Justiça decretasse antes a prisão preventiva do empresário para que ele ficasse detido até o seu eventual julgamento. Os investigadores e o MPSP entendem que Fernando assumiu o risco de matar ao sair com seu carro de luxo. Segundo a acusação, ele dirigia em alta velocidade, de acordo com a perícia, e embriagado, pelo relato de testemunhas.

Agora, o magistrado vai marcar futuramente uma audiência de instrução para ouvir as testemunhas do caso e interrogar o acusado. Depois dessa etapa do processo, o juiz poderá pronunciar o réu, ou seja, submetê-lo a júri popular para ser julgado. Se for condenado, a pena dele poderá chegar a mais de 20 anos de prisão.

Relembre o caso

Na madrugada de domingo (31/03), o Porsche 911 Carrera GTS, avaliado em R$ 1 milhão e conduzido por Fernando, atingiu um Renault Sandero na Avenida Salim Farah Maluf, na região do Tatuapé. O Sandero era dirigido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, que tinha 52 anos. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. Ornaldo era casado e deixou 3 filhos.

Veja o vídeo do acidente:

A mãe do empresário teria ajudado o filho a fugir. Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, foi até o local do acidente e teria afirmado à PM que iria levar o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera, “devido ao leve ferimento” sofrido por ele na boca. Porém, os policiais militares que pretendiam realizar o teste de bafômetro em Fernando não o encontraram na unidade hospitalar. Segundo registros, ele não teria dado entrada em “qualquer hospital” da rede São Luiz.

A Ouvidoria da Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar estão apurando a conduta dos agentes que atenderam a ocorrência.

O empresário só se apresentou à polícia 36 horas após o acidente. Em seu depoimento, Fernando negou que estivesse sob efeito de drogas ou bebidas alcoólicas, e disse que dirigia o Porsche “um pouco acima” do limite da via, que é de 50 km/h. A perícia apontou que o carro estava três vezes acima do limite, chegando a 156 km/h.

Dois pedidos anteriores de prisão do empresário foram rejeitados pela Justiça de SP.

A Polícia Civil apurou que o empresário esteve em uma festa “Open Bar” em uma casa de pôquer, na zona Leste de São Paulo, na noite do acidente.

No dia 11/04, Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo de Fernando e que estava no banco do carona do Porsche, deu depoimento à polícia sobre o caso. Ele ficou gravemente ferido e precisou passar por cirurgias. Em sua fala, Marcus afirmou que o amigo havia bebido e estava “alterado” antes do acidente.

Além disso, a Polícia Civil teve acesso a uma comanda no valor de R$ 600, que aponta que Fernando fez compras de uísques e caipirinhas em um restaurante na zona Leste de São Paulo. O jovem, a namorada e um casal de amigos teriam consumido oito doses de uísque com licor, além de uma caipirinha. Em seguida, o suspeito foi para a casa de poker.

*com informações de G1.