
A morte dos Mamonas Assassinas: Conheça a macabra história da divulgação das fotos dos corpos da banda

Os Mamonas Assassinas foram, provavelmente, a maior sensação musical da década de 1990. Surgida em 1995, a banda, originária de Guarulhos, São Paulo, misturava rock com uma série de sonoridades incomuns e letras extremamente irreverentes, tornando-se um fenômeno que não se via desde o RPM, nos anos 1980.
Longas participações em programas de TV, shows de segunda a segunda e mais de 1 milhão de discos vendidos transformaram os Mamonas, que era formado por Dinho, Bento Hinoto, Samuel Reoli, Júlio Rasec e Sérgio Reoli, se tornaram estrelas do rock nacional.

A morte prematura do grupo, no dia 2 de março de 1996, em um acidente de avião, pôs fim à carreira meteórica do quinteto. Assim como sua trajetória, a morte dos Mamonas Assassinas também foi explorada de forma exaustiva pela imprensa. Infelizmente, o caso marcou o primeiro vazamento de fotos de corpos no Brasil.
A noite da morte dos Mamonas
Na noite do acidente, a banda — junto do piloto Jorge Martins, o copiloto Alberto Takeda, o secretário e assistente da banda Isaac “Shurelambers” Souto e o segurança Sérgio “Reco” Porto — decolou às 21h58 do dia 2 de março do Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos.

Às 23h16, o piloto Jorge precisou arremeter o avião após uma tentativa de pouso. Devido à manobra, a aeronave acabou colidindo com a Serra da Cantareira, resultando na morte de todos a bordo. As investigações concluíram que o acidente foi causado pela exaustão do piloto.

Nessa mesma noite, o fotógrafo Fernando Cavalcante, que trabalhava para o jornal Notícias Populares, pertencente à Folha de S.Paulo, estava de plantão e, ao ouvir pelo rádio da polícia sobre a queda de um avião, foi ao local, sem saber que se tratava da aeronave dos Mamonas Assassinas. Devido à escuridão, não conseguiu fazer muita coisa e decidiu voltar no dia seguinte.
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Na manhã de domingo, 3 de março, já era de conhecimento geral que o avião acidentado era dos Mamonas Assassinas. Na época, a TV Globo estabeleceu um perímetro de exclusividade junto aos bombeiros, impedindo que jornalistas de outros veículos entrassem na área. Fernando, então, teve a ideia de se infiltrar no local, levando apenas sua máquina fotográfica.
Aproveitando-se da confusão causada pela movimentação das equipes de resgate, Fernando conseguiu chegar a um ponto além do cordão de isolamento que separava os corpos dos destroços. Sem ser notado, ele fez as infames fotos em que os cinco integrantes da banda, junto aos demais tripulantes, apareciam completamente mutilados, dada a violência do impacto.
A publicação das fotos
Segundo relatos do próprio fotógrafo, ele nunca teve a intenção de publicar as imagens. Ainda assim, entregou o material à redação. O Notícias Populares era conhecido por matérias sensacionalistas, muitas vezes com histórias improváveis e imagens de extrema violência. E, na segunda-feira, 4 de março, o jornal publicou, sem qualquer censura, as fotos dos corpos dos Mamonas Assassinas. Mesmo para os padrões do jornal, a publicação foi considerada extremamente absurda.

Naquele dia, o Notícias Populares registrou a maior vendagem de sua história. No dia seguinte, o editorial do jornal chegou a pedir desculpas aos leitores por não ter atendido à alta demanda da edição anterior.
Uma semana depois, um episódio macabro ocorreu: um homem apareceu na redação do jornal com uma mão em estado de decomposição. Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, que presenciou a cena, o homem afirmou que havia estado na Serra da Cantareira na tentativa de recolher algo do local do acidente e acabou encontrando a mão, que muitos acreditaram pertencer ao vocalista da banda, Dinho.
O Notícias Populares foi amplamente criticado pela publicação das imagens. O jornal, que foi encerrado em 2001, jamais se retratou pelo episódio. A própria Folha de S.Paulo, proprietária do jornal, publicou uma coluna repudiando a decisão editorial. Embora a família estivesse revoltada com o caso, os problemas estavam longe do fim.
A internet
Em 1996, a internet começava a se popularizar, e com isso, as fotos foram escaneadas e passaram a circular por e-mail. O conteúdo se espalhou rapidamente.
Em 2000, surgiu um dos primeiros sites dedicados à publicação de conteúdo gore — termo usado para se referir a imagens explícitas e chocantes de morte. Entre várias fotos de acidentes e mortes, as imagens dos corpos mutilados dos Mamonas Assassinas tornaram-se o conteúdo mais buscado da página.

Hoje, o site não existe mais, mas isso não impediu o surgimento de outras páginas com o mesmo tipo de material. Esses sites ainda divulgam as imagens da banda, bem como de outros casos de vazamento envolvendo celebridades mortas, como Cristiano Araújo, Gabriel Diniz e Marília Mendonça.