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AGU dá 72 horas para Meta se manifestar sobre fim de checagem de fatos no Brasil

AGU dá 72 horas para Meta se manifestar sobre fim de checagem de fatos no Brasil

Otávio Vislley
Por Otávio Vislley | 10 de janeiro de 2025

A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou nesta sexta-feira (10/01) uma notificação extrajudicial à Meta, empresa responsável pelo Instagram, Threads, Facebook e WhatsApp, exigindo esclarecimentos sobre o impacto no Brasil da recente decisão de encerrar o programa de checagem de fatos nas redes sociais. A empresa tem um prazo de 72 horas para se manifestar.

Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, o ministro da AGU, Jorge Messias, destacou a preocupação do governo com o potencial aumento de desinformação e discursos de ódio.

“Não vamos permitir de forma alguma que essas redes transformem o ambiente em uma carnificina digital ou barbárie digital. Vamos protocolar a ação ainda hoje”, afirmou Messias.

Ele reforçou que o Executivo utilizará “todos os mecanismos legais dentro do devido processo legal e do Estado de Direito” para garantir o cumprimento das leis brasileiras.

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A Meta também foi acionada pelo Ministério Público Federal de São Paulo, que solicitou esclarecimentos sobre as mudanças nas políticas de moderação em um prazo de 30 dias. No entanto, o governo federal busca respostas mais imediatas devido à gravidade do tema.

Entre as novas diretrizes divulgadas pela Meta está uma revisão das políticas de “conduta de ódio”. O texto atualizado, publicado em português, aponta que não será mais proibido realizar “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual”, considerando discursos políticos e religiosos sobre transgenerismo e homossexualidade. A empresa destacou, contudo, que continuará removendo conteúdos considerados “desumanizantes”, “alegações de imoralidade” e “calúinias”.


Saiba mais:


Mudanças na Meta

Na terça-feira (07/01), a Meta anunciou diretrizes que prometem maior “liberdade de expressão” em suas plataformas. Entre as medidas, está a diminuição de filtros e moderação de conteúdos, assim como o fim da checagem de fatos. Essa decisão gerou preocupação no governo brasileiro, especialmente em relação à proteção de direitos de crianças e adolescentes, populações vulneráveis e ao ambiente de negócios.

“A nossa preocupação, nesse momento, é que a empresa venha a público, já que ela não foi transparente em momento algum sobre a política que vai adotar”, afirmou Messias.

Na quinta-feira (09/01), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou, classificando a decisão da plataforma como “extremamente preocupante” e defendendo o respeito à soberania nacional.

“O presidente [Lula] foi claro na reunião que não abrirá mão da soberania do país e do Brasil. Toda e qualquer empresa, nacional ou multinacional, e grupo de comunicação, nacional ou internacional, terá que respeitar o arcabouço legal brasileiro e terá que respeitar a justiça brasileira”, reforçou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, também anunciou a intenção de trabalhar com o governo de Donald Trump contra ações de governos que, segundo ele, promovam “mais censura”. O posicionamento gerou críticas entre especialistas, que apontam para um possível conflito entre o discurso de liberdade de expressão e a falta de regulação adequada para combater a desinformação.