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Perto de deixar a prisão, “Maníaco do Parque” afirma ser um novo homem e planeja mudar de nome

Perto de deixar a prisão, “Maníaco do Parque” afirma ser um novo homem e planeja mudar de nome

Alexsandro Filho
Por Alexsandro Filho | 01 de agosto de 2025

Preso há quase 30 anos, Francisco de Assis Pereira, mais conhecido como Maníaco do Parque, se prepara para um novo capítulo de sua vida fora das grades.

Condenado a 280 anos de prisão pelo assassinato de nove mulheres em São Paulo, ele deverá ser libertado em 2028, quando atinge o limite legal de cumprimento de pena estabelecido pela legislação brasileira na época de sua condenação. Ao sair da cadeia, pretende mudar de nome.

“Sou um novo homem. Aquele Francisco não existe mais”, declarou.

O criminoso cumpre pena na cela 59 do Pavilhão 3 da Penitenciária de Iaras, interior de São Paulo, onde divide o espaço com outros seis detentos condenados por crimes sexuais. Em entrevista inédita concedida à psicóloga forense luso-brasileira Simone Lopes Bravo, ele falou abertamente sobre os crimes cometidos, seus impulsos, e seu processo de conversão religiosa.

Sem exame de risco

Como Francisco cumprirá toda a pena em regime fechado, deixará a prisão diretamente para a rua, sem passar por avaliação psicossocial, como ocorre em progressões de regime. Ou seja, não haverá exame criminológico que possa indicar se ele ainda representa risco à sociedade.

Durante a entrevista, Francisco relatou detalhes chocantes dos crimes cometidos no final da década de 1990, incluindo o hábito de retornar às cenas para se masturbar diante dos corpos. Afirmou, no entanto, que chegou a poupar algumas mulheres.

“Mesmo dentro da mata, resolvia não fazer nada com algumas delas. Aí eu as levava de volta até o ponto de ônibus e falava para ela ter cuidado.”


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“Deus já me perdoou”

Pereira atribui seus impulsos ao contato precoce com material pornográfico, ainda na infância, no local de trabalho do avô. Ele também mencionou que sentia dor durante relações sexuais por uma condição de saúde não tratada. Apesar das confissões, ele disse que não pretende pedir desculpas às famílias das vítimas.

“Deus já me perdoou. A conversão é o único caminho” afirmou, embora tenha dito que aceitaria conversar com os parentes.

O “Maníaco do Parque” alega ter se convertido ao evangelho em 1999, após ser batizado por evangélicos na Penitenciária de Itaí.

“Nunca mais tive pensamentos violentos. Vivo em constante oração”, disse. Atualmente, ele passa os dias meditando na Bíblia, caminhando e fazendo trabalhos manuais na prisão.

Psicóloga virou visitante

A entrevista foi conduzida por Simone Lopes Bravo, que iniciou contato com o preso por correspondência com o objetivo de escrever um livro. Ela chegou a contratar uma advogada no Brasil para ser incluída na lista de visitas de Francisco, algo permitido apenas a parentes ou cônjuges.

Para isso, Simone conseguiu que a mãe do criminoso fosse removida da lista em troca de ajuda financeira, segundo relato da própria Maria Helena Pereira. Assim, com a lista zerada, a psicóloga pôde se registrar como “amiga”.

Dessa relação nasceu o livro “Maníaco do Parque, a loucura lúcida”, lançado pela Editora Bretas. A obra traz trechos da entrevista e relatos dos encontros mantidos dentro do presídio. Em uma das fotografias mais recentes feitas para o recadastramento interno, Francisco aparece com cerca de 120 quilos e sem os dentes, devido a uma condição genética rara chamada amelogênese imperfeita.

Trechos da entrevista

Quem é o Francisco hoje?
“Transformado de dentro para fora.”

Você pediria desculpas às famílias?
“Deus já me perdoou.”

Você acha que era doente?
“Meus pensamentos eram mais fortes do que eu. Não conseguia controlar.”

Se tivesse filhos, o que diria a eles?
“Seguir a palavra do Deus de Abraão. Não religião. A palavra.”