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Deputados Célia Xakriabá e Kim Kataguiri trocam ofensas na Câmara; polícia legislativa é acionada

Deputados Célia Xakriabá e Kim Kataguiri trocam ofensas na Câmara; polícia legislativa é acionada

Otávio Vislley
Por Otávio Vislley | 17 de julho de 2025

A votação das mudanças no licenciamento ambiental, realizada na madrugada desta quinta-feira (17/7), foi marcada por uma intensa troca de ofensas entre os deputados federais Célia Xakriabá (Psol-MG) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP), gerando tumulto no plenário da Câmara e exigindo intervenção da polícia legislativa.

A discussão começou quando Kim Kataguiri criticou contrapartidas ambientais envolvendo povos indígenas e mencionou o caso da Usina de Belo Monte. Segundo o parlamentar, “índios receberam picapes e dinheiro” para permitir a construção do empreendimento. A declaração gerou revolta em Célia, que o interrompeu dizendo: “O senhor não sabe da história, portanto o senhor fica quieto.”

A deputada ainda afirmou que o colega não tinha legitimidade para falar sobre o tema por não conhecer a realidade brasileira. Em resposta, Kataguiri ironizou a parlamentar ao dizer:

“Estrangeiro e próximo dos meus ancestrais é o pavão, que é um animal ali da Ásia. Nada a ver com tribo indígena aqui no Brasil, mas tem gente que gosta de fazer cosplay [de pavão].”


Saiba mais:


O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) também entrou na discussão. Em sua fala, fez referência ao adereço de Célia, afirmando:

“Já que estamos falando de pavão misterioso, nós queremos saber do licenciamento ambiental do pavão aqui presente. Se para abrir um empreendimento, precisa de licenciamento, para abater um animal, também precisa.”

Célia pediu direito de resposta e destacou o desrespeito aos povos indígenas.

“Esse foi um cocar sagrado utilizado pelo povo Fulni-ô. Quem conhece sabe. (…) As pessoas estão mais incomodadas com o meu cocar do que com o que vão perder em floresta. (…) Para fazer um cocar de pavão, eles perdem pena naturalmente. Ninguém pergunta de onde vem a bolsa de exportação e o sapato de couro.”

Veja a discusão entre Célia Xakriabá e Kim Kataguiri:

A deputada também criticou os ataques pessoais:

“As pessoas podem ter bancadas inteiras para defender o seu interesse, mas atacam uma mulher indígena pelo que se veste. Eu não tenho problema de saber de onde eu venho. Não precisam me chamar de cosplay porque isso é um racismo televisionado. Certamente tomarei as medidas necessárias.” O microfone de Célia foi cortado logo após o fim de seu tempo de fala.

A troca de farpas continuou durante a votação, levando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a solicitar diversas vezes a intervenção da Polícia Legislativa para conter os ânimos e restabelecer a ordem. O deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) ainda pediu uma pausa na sessão. Após o ocorrido, Célia Xakriabá deixou o plenário.