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Moraes será relator de ação do governo que tenta restabelecer decreto do IOF suspenso pelo Congresso

Moraes será relator de ação do governo que tenta restabelecer decreto do IOF suspenso pelo Congresso

Phill Vasconcelos
Por Phill Vasconcelos | 01 de julho de 2025

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi designado relator da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) protocolada pelo governo federal para reverter a decisão do Congresso Nacional que anulou o decreto presidencial que aumentava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O pedido foi encaminhado à Corte pela Advocacia-Geral da União (AGU) ainda nesta terça-feira (1º/7), com solicitação expressa para que Moraes assumisse a relatoria, já que ele já analisa ação semelhante apresentada pelo PSOL, que também questiona a atuação do Congresso nesse caso. Enquanto o partido alega inconstitucionalidade na anulação do decreto, a AGU busca restabelecer os efeitos da medida assinada por Lula, alegando violação das prerrogativas do Poder Executivo.

O foco da ação é o Decreto nº 12.499/2025, que havia modificado as alíquotas do IOF em operações de crédito, câmbio e seguros. Para o advogado-geral da União, Jorge Messias, o Congresso extrapolou sua competência ao suspender a norma presidencial, o que, segundo ele, fere o equilíbrio entre os Poderes. “A intenção não é confrontar o Legislativo, mas proteger a legalidade do ato presidencial”, afirmou.


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A AGU também protocolou pedido de liminar para que os efeitos do decreto voltem a valer imediatamente, diante do que considera um risco institucional relevante. Segundo Messias, a medida é respaldada por pareceres técnicos do Ministério da Fazenda e da Casa Civil, que atestam a legalidade do decreto e seu respeito ao teto de 1,5% ao dia previsto na legislação do IOF.

A crise teve início na última quarta-feira (25/6), quando o Congresso derrubou a norma por ampla maioria. A Câmara votou com 383 votos favoráveis à revogação e apenas 93 contrários, movimento que foi endossado logo depois pelo Senado em votação simbólica. Foi a primeira vez desde 1992 que o Legislativo anulou formalmente um decreto presidencial — o último caso semelhante ocorreu no governo Collor.

A decisão do Congresso foi impulsionada pela reação negativa de setores empresariais, que criticaram o aumento do IOF sobre operações de crédito corporativo. Agora, caberá ao STF decidir se o Executivo pode ou não editar esse tipo de decreto sem interferência parlamentar.