
Paulo Cupertino nega assassinato de Rafael Miguel: “No colchão fino da prisão, durmo bem”

O empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, em 2019, prestou depoimento nesta quinta-feira (29/5), no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista. O julgamento, iniciado às 11h, deverá se estender até esta sexta (30/5), segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Algemado e escoltado por policiais militares, Cupertino iniciou seu interrogatório por volta das 18h30. Durante quase duas horas, respondeu apenas às perguntas da defesa e se recusou a falar com o Ministério Público e a acusação. Em sua fala, negou os crimes.
“Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”, declarou.
Ele também afirmou não se sentir culpado: “Mesmo no colchão fino da prisão, durmo bem, porque não me vem a imagem de eu matando Rafael, Miriam ou João”.
O réu ficou exaltado em alguns momentos e foi interrompido pela própria advogada. Ele também interagiu diretamente com os jurados, o que levou o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, responsável pelo júri, a intervir.
Além de Cupertino, duas testemunhas de grande impacto prestaram depoimento: Isabela Tibcherani, filha do réu e namorada de Rafael à época do crime, e a mãe dela, Vanessa Tibcherani, ex-companheira do empresário.
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Isabela relatou um histórico de violência doméstica e controle por parte do pai. Disse que era proibida de sair de casa, teve o celular confiscado por oito meses e que já foi agredida fisicamente. “Um dia ele quebrou um prato de vidro na minha cabeça”, contou. Ao falar do assassinato, afirmou que torcia pela prisão do pai e criticou a violência de alguém que “deveria representar proteção”.
Vanessa confirmou os abusos e relatou agressões com facão, ameaças e vigilância constante. “Ele cortava minha roupa com facão e me batia. Perdi emprego porque vivia machucada”, revelou. Ambas reforçaram que, no dia do crime, Cupertino não aceitava o namoro da filha com Rafael.
O julgamento ocorre quase seis anos após o triplo homicídio, ocorrido em 9 de junho de 2019, no bairro Pedreira, na zona sul da capital. Segundo a denúncia, Cupertino assassinou Rafael, de 22 anos, e os pais dele com 13 tiros, por não aceitar o relacionamento do jovem com sua filha, então com 18 anos.
O crime foi registrado por câmeras de segurança. Após os assassinatos, Cupertino fugiu e permaneceu foragido por quase três anos. Foi preso em maio de 2022, em um hotel no centro de São Paulo, usando nome falso.
Além de Cupertino, também são réus no processo os amigos Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, acusados de ajudá-lo na fuga. Ambos respondem em liberdade. No depoimento desta quinta, Wanderley afirmou que Cupertino o procurou no dia do crime e disse: “Eu dei uns tiros”. Ele alegou ter descoberto os assassinatos apenas no dia seguinte pela televisão.
O julgamento é realizado com júri popular, composto por sete pessoas — quatro mulheres e três homens — sorteadas para decidir se os réus devem ser condenados ou absolvidos. Ao todo, nove testemunhas serão ouvidas e três réus interrogados. O promotor do caso é Thiago Marin.
Cupertino responde por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. A sentença deve ser anunciada pelo juiz após o fim dos depoimentos e debates entre acusação e defesa.