
Evasão escolar atinge 4% no Amazonas e supera média nacional, alerta Unicef

A evasão escolar na educação básica continua sendo um dos maiores desafios do Amazonas. Segundo dados divulgados nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 4% das crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola no estado em 2024 — o dobro da média nacional, que é de 2%.
O índice coloca o Amazonas como o quarto estado da Região Norte com maior taxa de evasão escolar, ficando atrás apenas do Amapá, Acre e Roraima. Em todo o Brasil, o Unicef estima que aproximadamente 993 mil crianças e adolescentes estão fora das salas de aula. Desse total, 66.490 vivem na região Norte, onde as dificuldades logísticas e sociais tornam o problema ainda mais complexo.
Ranking da evasão escolar na Região Norte (% de crianças e adolescentes fora da escola):
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Amapá
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Acre
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Roraima
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Amazonas
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Rondônia
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Pará
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Tocantins
Principais causas
Segundo Matheus Rangel, oficial de educação do Unicef no Brasil, a evasão escolar na Amazônia está diretamente ligada a fatores socioeconômicos e estruturais. “Muitas escolas são pequenas, em comunidades remotas, sem infraestrutura básica. Falta construção de salas, acesso à internet, professores capacitados e até alimentação adequada”, explicou.
Outro fator crítico é a dificuldade no transporte escolar. “Manter estruturas de transporte em áreas ribeirinhas e indígenas é custoso. Combustíveis são caros, há escassez de barcos e barqueiros. Apesar de o governo federal tentar compensar esse custo amazônico com repasses extras, ainda é insuficiente”, acrescentou Rangel.
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Combate à evasão
Diante do cenário preocupante, estados e municípios têm adotado iniciativas como a Busca Ativa Escolar, estratégia que visa identificar, localizar e reintegrar alunos fora da escola. De acordo com o Unicef, nos últimos oito anos, cerca de 300 mil crianças e adolescentes foram encontrados e rematriculados no país — sendo 90 mil somente na região Norte.
Apesar da gravidade do problema, a reportagem questionou a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc) sobre as medidas adotadas especificamente no Amazonas, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.
Jovens em maior risco
O levantamento também aponta que os adolescentes entre 15 e 17 anos são os mais afetados. No país, são cerca de 440 mil jovens dessa faixa etária fora da escola, revelando a urgência de ações que fortaleçam o ensino médio e a permanência dos alunos na rede pública.
Para o Unicef, garantir o acesso à educação e a permanência escolar é essencial para o desenvolvimento social da região e para combater ciclos de pobreza e vulnerabilidade que afetam milhares de famílias amazônidas.