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Evasão escolar atinge 4% no Amazonas e supera média nacional, alerta Unicef

Evasão escolar atinge 4% no Amazonas e supera média nacional, alerta Unicef

Alexsandro Filho
Por Alexsandro Filho | 03 de agosto de 2025

A evasão escolar na educação básica continua sendo um dos maiores desafios do Amazonas. Segundo dados divulgados nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 4% das crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola no estado em 2024 — o dobro da média nacional, que é de 2%.

O índice coloca o Amazonas como o quarto estado da Região Norte com maior taxa de evasão escolar, ficando atrás apenas do Amapá, Acre e Roraima. Em todo o Brasil, o Unicef estima que aproximadamente 993 mil crianças e adolescentes estão fora das salas de aula. Desse total, 66.490 vivem na região Norte, onde as dificuldades logísticas e sociais tornam o problema ainda mais complexo.

Ranking da evasão escolar na Região Norte (% de crianças e adolescentes fora da escola):

  1. Amapá

  2. Acre

  3. Roraima

  4. Amazonas

  5. Rondônia

  6. Pará

  7. Tocantins

Principais causas

Segundo Matheus Rangel, oficial de educação do Unicef no Brasil, a evasão escolar na Amazônia está diretamente ligada a fatores socioeconômicos e estruturais. “Muitas escolas são pequenas, em comunidades remotas, sem infraestrutura básica. Falta construção de salas, acesso à internet, professores capacitados e até alimentação adequada”, explicou.

Outro fator crítico é a dificuldade no transporte escolar. “Manter estruturas de transporte em áreas ribeirinhas e indígenas é custoso. Combustíveis são caros, há escassez de barcos e barqueiros. Apesar de o governo federal tentar compensar esse custo amazônico com repasses extras, ainda é insuficiente”, acrescentou Rangel.


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Combate à evasão

Diante do cenário preocupante, estados e municípios têm adotado iniciativas como a Busca Ativa Escolar, estratégia que visa identificar, localizar e reintegrar alunos fora da escola. De acordo com o Unicef, nos últimos oito anos, cerca de 300 mil crianças e adolescentes foram encontrados e rematriculados no país — sendo 90 mil somente na região Norte.

Apesar da gravidade do problema, a reportagem questionou a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc) sobre as medidas adotadas especificamente no Amazonas, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.

Jovens em maior risco

O levantamento também aponta que os adolescentes entre 15 e 17 anos são os mais afetados. No país, são cerca de 440 mil jovens dessa faixa etária fora da escola, revelando a urgência de ações que fortaleçam o ensino médio e a permanência dos alunos na rede pública.

Para o Unicef, garantir o acesso à educação e a permanência escolar é essencial para o desenvolvimento social da região e para combater ciclos de pobreza e vulnerabilidade que afetam milhares de famílias amazônidas.