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“A relação entre o governo federal e o Amazonas não é a das melhores”, dispara Arthur Neto

“A relação entre o governo federal e o Amazonas não é a das melhores”, dispara Arthur Neto

Ana Flávia Oliveira
Por Ana Flávia Oliveira | 05 de julho de 2025

Para Arthur Virgílio Neto, a relação entre o governo federal comandado pelo presidente Lula (PT) e o governo do Estado, sob a gestão de Wilson Lima (União Brasil), carece de boas articulações para trazer mais desenvolvimento para o Amazonas.

“Acredito que a relação entre o governo federal e o Amazonas não é das melhores e poderia ser mais produtiva”, disparou o ex-senador.

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto, conversou com a jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital, onde comentou sobre sua opinião diante do governo do Amazonas, governo federal e também sobre como avalia a Prefeitura de Manaus comandada por David Almeida (Avante) e a exploração de recursos naturais no Estado.

Leia à integra a entrevista com Arthur Neto:

Rede Onda Digital – Considerando a relação histórica entre o governo federal e o Amazonas, como você avalia a atual postura do governo em relação ao Estado? Existem áreas em que essa relação pode ser fortalecida para beneficiar a população amazonense?

Arthur Neto – Acredito que a relação entre o governo federal e o Amazonas não é das melhores e poderia ser mais produtiva. Embora existam avanços em algumas áreas, ainda há um distanciamento que dificulta o desenvolvimento pleno do estado. O Amazonas, com sua imensa riqueza natural e diversidade, merece uma atenção mais direcionada, especialmente em questões como infraestrutura, saúde e educação.

O governo federal poderia fortalecer essa relação por meio de investimentos mais consistentes, maior apoio à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável da região. Além disso, é essencial que haja um diálogo mais próximo entre os dois níveis de governo para que as demandas da população amazonense sejam atendidas de forma mais eficaz.

Rede Onda Digital – Diante dos desafios atuais enfrentados pelo Amazonas, quais iniciativas o senhor acredita que o Senado deveria priorizar para promover o desenvolvimento sustentável da região?

Arthur Neto – Antes de tudo, é preciso conhecer a Amazônia. 120 entre 100 economistas brasileiros nunca pisaram aqui, e, se o fizeram, foram direto para os hotéis de selva. Sempre fiz essa crítica. Não vemos o atual governo fortalecer a fiscalização ambiental e combater o desmatamento ilegal, investir em infraestrutura verde, como energias renováveis e projetos de bioenergia, ou valorizar as comunidades locais, promovendo o manejo sustentável da floresta e o ecoturismo.

Mas, resumidamente, é entender que nossos PhDs (os indígenas, nossos ribeirinhos, que são os verdadeiros conhecedores da Amazônia) e nossa riqueza trilionária devem ser, primeiro, defendidos e preservados; e, segundo, explorados de forma inteligente, capaz de mudar nossa realidade.

Rede Onda Digital – Em sua gestão como Prefeito de Manaus, implementou projetos com o intuito de transformar a capital amazonense como uma “cidade inteligente”, como a criação do Centro de Cooperação da Cidade. Como você avalia a continuidade e os resultados dessas iniciativas na administração atual?

Arthur Neto – A minha gestão foi marcada por esforços significativos para transformar Manaus em uma “cidade inteligente”, com iniciativas como a criação do Centro de Cooperação da Cidade, que visava melhorar a gestão urbana por meio de soluções tecnológicas e integradas. A proposta era modernizar a infraestrutura da cidade, otimizar os serviços públicos e promover maior eficiência na administração municipal, utilizando a tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população.

De forma geral, minha avaliação é positiva, mas com desafios a serem superados. As bases para uma cidade inteligente foram lançadas, mas é necessário um investimento contínuo em infraestrutura tecnológica e na capacitação da gestão pública para maximizar os resultados dessa transformação e, sobretudo, não fazer política pequena, e sim política com ‘P’ maiúsculo.

Rede Onda Digital – A Amazônia enfrenta desafios significativos relacionados à exploração de recursos naturais, como o desmatamento e a mineração ilegal. Como você vê as políticas públicas atuais voltadas para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável na região? Há medidas especificas que deveriam ser implementadas ou revistas?

Arthur Neto – Acredito que as políticas públicas atuais voltadas para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da Amazônia são insuficientes e não têm dado a resposta necessária diante dos desafios enfrentados pela região. O desmatamento e a mineração ilegal continuam avançando, enquanto as ações do governo ainda são muito limitadas. Precisamos de uma atuação mais rigorosa e coordenada entre os diferentes níveis de governo, com maior fiscalização e punições mais severas para quem desmata e explora ilegalmente.

Além disso, é urgente investir em alternativas sustentáveis que beneficiem as comunidades locais, como o manejo florestal sustentável e o ecoturismo, sem comprometer o meio ambiente. Precisamos de um movimento “A Amazônia é Nossa”, assim como tivemos o “Petróleo é Nosso”. Envolver o país nisso é fundamental para entendermos que a Amazônia é o futuro do nosso país e até do mundo. Aqui podemos ter a cura para doenças como o câncer, mas hoje sequer pensamos nisso.


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Biografia

Arthur do Carmo Ribeiro Neto, mais conhecido como Arthur Neto, é filho primogênito do também político Arthur Virgílio Filho. Nasceu em Manaus é formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É diplomata de carreira, formado pelo Instituto Rio Branco.

Ingressou ainda na juventude na vida política, sendo eleito por três vezes deputado federal e senador em 2002.

Em 1988 foi prefeito de Manaus pela primeira vez, derrotando Gilberto Mestrinho. Em 2012 concorreu novamente ao cargo, desta vez, vencendo a eleição contra a senadora Vanessa Grazziotin com 65,95% dos votos válidos.

Foi candidato ao governo do Amazonas em 1986, quando foi derrotado por Amazonino Mendes. Se elegeu para deputado federal em 1986, 1994, 1998, e foi um dos líderes do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara, onde foi Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.