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Agressor de ’60 socos’ em elevador vira “símbolo de desejo” e expõe lado sombrio das redes

Agressor de ’60 socos’ em elevador vira “símbolo de desejo” e expõe lado sombrio das redes

Phill Vasconcelos
Por Phill Vasconcelos | 01 de agosto de 2025

O ex-jogador de basquete e agressor, Igor Eduardo Pereira Cabral, preso após ser flagrado espancando a namorada com dezenas de socos dentro de um elevador, gerou revolta na internet, mas ao mesmo tempo ganhou admiradoras. Segundo informações divulgadas pelo portal EM OFF, o agressor passou a receber mensagens de mulheres, e não foram do tipo negativa.

O portal divulgou que foram mais de 1.500 e-mails enviados por admiradoras interessadas em se aproximar de Igor. As mensagens variavam entre palavras de consolo e intenções afetivas explícitas, com frases como “ele precisa de amor” ou pedidos para visitá-lo na prisão.

Enquanto a vítima ainda se recupera das lesões e do trauma causado pelo ataque brutal, filmado e divulgado nas redes sociais, o agressor ganhou um tipo de notoriedade perturbadora, frequentemente vista em casos parecidos ao redor do mundo. Essa atração por criminosos violentos tem nome: hibristofilia, uma parafilia que envolve desejo sexual ou emocional por pessoas que cometeram crimes, especialmente os mais violentos.

O produtor cultural Heitor Werneck, conhecido por seu trabalho à frente do Projeto Luxúria, um dos maiores eventos BDSM da América Latina, explica que esse tipo de fetichização tem raízes na cultura pop, onde figuras criminosas são romantizadas como homens perigosos, mas protetores. “Filmes de máfia e vilões como os do Batman reforçam esse estereótipo do criminoso rude, mas carinhoso, o que alimenta fantasias de dominação e segurança”, comenta.


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Segundo Werneck, essa dualidade entre violência e afeto, cria um imaginário distorcido que mistura fantasia com realidade. “É a fantasia de ser protegida por alguém à margem da sociedade. Mas quando esse fetiche cruza a linha do consentimento e entra no mundo real, vira um problema sério. Não é amor, é uma ilusão mascarada de redenção.”

A rápida transformação de Igor Cabral em símbolo de desejo levanta um alerta. Casos semelhantes já ocorreram com assassinos em série e agressores conhecidos internacionalmente, que chegaram a receber cartas de amor, propostas de casamento e até pedidos de visitas íntimas.

O caso, no entanto, vai além da curiosidade: ele revela um padrão preocupante de romantização da violência e da figura do criminoso. O vazamento de um suposto vídeo íntimo de Igor com outro homem, divulgado após sua prisão, só acentuou ainda mais o burburinho nas redes, o que, para especialistas, expõe uma mistura tóxica de voyeurismo, fetiche e desconexão com a gravidade dos fatos.