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Estados Unidos volta atrás em plano de assumir controle da Faixa de Gaza por meios militares

Estados Unidos volta atrás em plano de assumir controle da Faixa de Gaza por meios militares

Phill Vasconcelos
Por Phill Vasconcelos | 05 de fevereiro de 2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu governo pretende assumir o controle da Faixa de Gaza e liderar o processo de reconstrução do território palestino. A declaração foi feita na Casa Branca, na última terça-feira (4/2), durante um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. No entanto, a Casa Branca esclareceu nesta quarta-feira (5) que a proposta não envolve o envio de tropas americanas para o enclave.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, reforçou que os EUA não pretendem financiar a reconstrução de Gaza, mas querem garantir a estabilidade na região. “Isso não significa que haverá tropas em Gaza”, afirmou.

Outro ponto recuado pelo governo foi a sugestão de retirada permanente dos palestinos do território. A porta-voz afirmou que Trump está comprometido apenas com uma “realocação temporária” dos moradores.

Na coletiva de terça-feira, Trump sugeriu que os Estados Unidos administrem Gaza e transformem a região em um centro de desenvolvimento econômico. Segundo ele, o território poderia atrair investimentos e se tornar “a Riviera do Oriente Médio”, com pessoas de diferentes partes do mundo vivendo ali.


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“Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, declarou.

Trump também disse que os palestinos deveriam deixar Gaza permanentemente e mencionou Jordânia e Egito como possíveis destinos para os deslocados. Ambos os países rejeitaram a proposta. O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, afirmou que seu país não aceitará refugiados palestinos. “A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos”, declarou.

Em resposta às declarações do presidente americano, a Arábia Saudita reiterou que não estabelecerá relações diplomáticas com Israel enquanto um Estado Palestino não for criado.

Durante o encontro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, evitou se posicionar sobre o plano de Trump para Gaza. Ele afirmou que os principais objetivos de Israel no território palestino são a libertação de reféns e a eliminação de ameaças à segurança do país.

No entanto, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, um dos principais nomes da extrema direita israelense, elogiou a proposta de Trump. Em um comunicado, ele afirmou que a ideia de reassentar os palestinos fora de Gaza seria “excelente”.

A Faixa de Gaza tem sido palco de intensos conflitos entre Israel e o Hamas, que controla a região. A guerra, que se intensificou nos últimos 15 meses, já deixou mais de 40 mil mortos e gerou uma grave crise humanitária no território.

Até o ano passado, os Estados Unidos se posicionavam contra o deslocamento forçado dos palestinos e defendiam a solução de dois Estados, com a criação de um Estado Palestino coexistindo com Israel. O ex-presidente Joe Biden era um dos defensores dessa abordagem.

A proposta de Trump, que sugere a saída permanente dos palestinos de Gaza, levanta preocupações sobre o impacto na viabilidade de um futuro Estado Palestino e pode acirrar as tensões na comunidade internacional.