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“Houve uma falcatrua numa empresa”, diz Lula sobre cancelamento de leilão internacional de arroz

“Houve uma falcatrua numa empresa”, diz Lula sobre cancelamento de leilão internacional de arroz

Otávio Vislley
Por Otávio Vislley | 21 de junho de 2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (21/06), que o leilão internacional para a compra de arroz foi anulado devido a “falcatrua de uma empresa”. O cancelamento ocorreu após denúncias de que as empresas vencedoras não possuíam a capacidade técnica necessária para a importação do produto.

O leilão visava a compra de 263,7 mil toneladas de arroz importado, com o objetivo de conter a alta dos preços após enchentes no Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) convocou as empresas vencedoras, mas constatou que elas não tinham a capacidade para cumprir o contrato, resultando na anulação do processo.

Em entrevista à rádio Meio Norte, filiada à Rede Onda Digital, Lula afirmou:

“Tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa”.

Lula reiterou que a importação de arroz tinha como objetivo manter os preços acessíveis, especialmente após o impacto das enchentes.

“Não é possível, o povo não pode pagar R$ 36 num pacote de 5 kg. Aí tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. A gente vai dar uma garantia de preço”, disse o presidente.

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Federação Nacional dos Produtores de Arroz contestaram a necessidade do leilão, alegando que a colheita antes das chuvas seria suficiente para suprir a demanda nacional.

Suspeitas e Irregularidades

A revelação de que entre as empresas vencedoras havia sorveterias e locadoras de máquinas levantou suspeitas sobre a integridade do leilão. Apenas a Zafira Trading, uma das vencedoras, atua no ramo de importação, segundo o Estadão.

Edegar Pretto, presidente da Conab, explicou que a natureza do leilão, realizado através de Bolsas de Mercadorias, impediu a verificação prévia das empresas participantes.

“A partir da revelação de quem são essas empresas, começaram os questionamentos se essas empresas teriam capacidades técnicas e financeiras para honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público”, afirmou Pretto.

Ele garantiu que nenhum pagamento foi efetuado às vencedoras.

Consequências 

A demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foi uma das consequências das denúncias. Geller foi pressionado a explicar a possível relação entre sua família e uma das corretoras envolvidas no leilão. A FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do certame, pertence a um ex-assessor de Geller, Robson Almeida de França, que é sócio do filho do secretário, Marcello Geller.

Apesar das negativas de irregularidades pelo ministro Fávaro, Geller afirmou que foi demitido. A exoneração do diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, indicado por Geller, também é esperada.

Um novo leilão será realizado com data ainda indefinida, e a AGU (Advocacia-Geral da União) participará da elaboração do novo edital para garantir maior transparência no processo.

Confira a entrevista completa:

 

*com informações de UOL