
Leo Lins, humorista condenado, faz piada com câncer de Preta Gil em show

Condenado a mais de oito anos de prisão por propagar conteúdos considerados discriminatórios, o humorista Leo Lins voltou aos palcos. Ele está apresentando em São Paulo o espetáculo “Enterrado Vivo”.
Durante a apresentação no Teatro Gazeta, na Avenida Paulista, o comediante ironizou a própria sentença judicial e voltou a fazer piadas com temas sensíveis, incluindo o tratamento de câncer da cantora Preta Gil.
A reportagem do jornal O Globo acompanhou o show realizado na última quinta-feira (19/6) e destacou que, mesmo após a condenação, o público compareceu em peso com cerca de 720 pessoas que lotaram o teatro.
O espetáculo tem como regra a proibição do uso de celulares. Os aparelhos são lacrados em sacos pretos na entrada, a pedido dos advogados do artista.
Segundo a colunista Fábia Oliveira do site Metrópoles, no show Lins relembrou um processo por danos morais movido por Preta Gil contra ele em 2019. Na ocasião, o comediante comparou uma filha de Gilberto Gil a uma “porca” durante um programa de TV.
“A Preta Gil veio me processar por causa de uma piada de anos atrás. Três meses depois que chegou o processo, ela apareceu com câncer. Bom, parece que Deus tem um favorito. Acho que ele gostou da piada. E, pelo menos, ela vai emagrecer”, disse em seu novo show.
Lins também ironizou a sua condenação na apresentação.
“Se você cometeu um homicídio sendo réu primário, consegue chegar a pegar sabe quantos anos? Seis anos. Eu peguei oito. A mensagem da Justiça é: ‘Se você é preconceituoso, não faça piada, mate!’ Vai sair mais cedo da cadeia”, comentou.
Em 70 minutos de apresentação, Leo Lins dispara piadas sobre negros, deficientes, obesos, indígenas, soropositivos e até sobre temas como pedofilia e nazismo.
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A condenação foi determinada pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, com base nas Leis 7.716/1989 e 13.146/2015. O show Leo Lins – Perturbador, publicado no YouTube em 2022, incluía piadas ofensivas a grupos como negros, indígenas, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, judeus, evangélicos, idosos, obesos, nordestinos e soropositivos.
Na decisão, a juíza afirmou que “o exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado” e que, em casos de conflito com os princípios da dignidade humana e da igualdade jurídica, “devem prevalecer os últimos”. A defesa do humorista argumenta que o conteúdo deve ser entendido como parte de uma encenação artística.
(*) Com informações de Metrópoles.