
Polo Industrial de Manaus: copo meio cheio ou meio vazio?

O Polo Industrial de Manaus apresentou números conflitantes nas estatísticas de análise de desempenho nos cinco primeiros meses deste ano. Enquanto os indicadores da Suframa mostram um crescimento de 14,03% no faturamento e número recorde de empregos, a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta terça-feira (15/07), mostra uma retração de 0,8% no mesmo período.
Elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a PIM-PF registrou em maio a maior retração do ano no Polo Industrial de Manaus, -3,3% em relação a produção física de abril. Em relação a maio de 2024, a variação foi positiva de 1,9%.
A retração da produção em maio foi a terceira variação negativa registrada neste ano, além da maior dos últimos 12 meses, o que colocou o Amazonas entre os três Estados com os piores resultados no índice em maio. No mesmo período, a variação média nacional ficou em -0,5%.
No acumulado dos últimos 12 meses (jun/24 – maio/25), contudo, a produção física do Polo Industrial de Manaus teve crescimento de 1,7%, colocando o estado na 10ª posição entre as Unidades da Federação com melhores desempenhos. A variação acumulada nacional foi de 2,8% no período.
O desempenho negativo do Amazonas o colocou na 12ª posição do ranking nacional, com os Estados do Pará (9,6%), Paraná (5,7%) e Santa Catarina (4,8%) liderando o ranking das Unidades da Federação, enquanto os Estados de Rio Grande do Norte (-17,8%), Pernambuco (-13,8%) e Maranhão (-5,6%) figuraram no fim do ranking com os piores resultados.
“A produção física industrial do Amazonas em maio foi um centro de destaques negativos. Foi a quarta variação negativa este ano, foi também a maior redução dos últimos 12 meses e colocou o estado entre os 3 piores no índice no mês de maio que compara o mês corrente com o mês anterior. O resultado ficou bem abaixo da média nacional, que também foi negativa, mas mais branda. Outras 6 Unidades da Federação tiveram variações negativas no índice“, analisa o chefe de pesquisa do IBGE em Manaus, Luan Rezende.
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A fabricação de produtos químicos foi pelo quinto mês consecutivo em 2025 a atividade com maior alta, apresentando uma variação positiva de 36,5% em maio. Em seguida, o destaque foi da atividade de fabricação de máquinas e equipamentos (22,4%), com quase o dobro da apresentada no mês anterior (13,1%).
Dentre os destaques negativos, as indústrias extrativistas (-11%) e a fabricação de bebidas (-10,8%) – posto que a produção de concentrados para refrigerantes é um dos itens mais importantes para a PIM-PF –, tiveram as maiores quedas em produção no mês de maio.
“No índice que compara o mês com o mesmo mês anterior, a variação foi positiva, mas correspondeu a praticamente metade da variação nacional registrada. Já no índice de variação acumulada no ano, o Estado teve o quinto resultado negativo consecutivo de 2025. Ou seja, comparando a variação acumulada dos 5 primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado, a indústria está tendo um pior desempenho em 2025”, completou Luan Rezende.
Para o economista Marcus de Souza, a diferença entre os números é explicada pelas diferentes metodologias de pesquisa usadas pela Suframa, com seus indicadores, e a PIM-PF, do IBGE, que conta com um grupo de produtos maiores na hora da análise.
No geral, o economista afirma que o desempenho deste ano está melhor que o do ano passado, o que indica novos recordes de faturamento e em número de empregos ao final deste ano.