
Depois de se reunir com empresários, Alckmin avalia pedir para EUA adiar aumento de tarifas

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) confirmou, nesta terça-feira (15/7), a possibilidade de solicitar a extensão do prazo de negociações no âmbito do “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras. Ele fez essa declaração após reunião do governo com representantes da indústria brasileira.
Estiveram presentes representantes de entidades e empresas das áreas de aviação, aço, alumínio, celulose, maquinário, madeira, calçados, móveis e autopeças. À tarde, o governo recebe empresários do agro.
“Nós queremos resolver o problema e o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, disse Alckmin.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) sugeriu estender o prazo para 90 dias. Eles haviam estimado em 110 mil as demissões que poderiam acontecer se o tarifaço for mantido.
“O que temos aqui é um verdadeiro perde-perde, não faz sentido. Saímos do piso [tarifário, de 10%] para o teto [de 50%] sem nenhuma motivação econômica”, declarou o presidente da confederação Ricardo Alban.
Alckmin abriu a reunião refutando a justificativa econômica da gestão Trump, e questionou a alegação do americano de que haveria déficit para os EUA na relação comercial:
“Dos dez principais produtos, oito são [com] tarifa zero: não pagam nenhum imposto para entrar no Brasil, e a tarifa média de importação é de 2,7%”.
Os encontros não se limitarão ao dia de hoje. O objetivo do governo é falar com os setores “que têm mais relação comercial com os Estados Unidos”, incluindo empresas e instituições norte-americanas, e membros da iniciativa privada brasileira.
Ainda segundo Alckmin, foi instaurado o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, de acordo com decreto do presidente Lula. O comitê será responsável por deliberar sobre a aplicação de contramedidas provisórias e acompanhar as negociações sobre as medidas unilaterais impostas contra o país.
Integram o comitê o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o presidirá, e os ministros da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das Relações Exteriores.
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Até o momento, o governo americano tarifou 24 parceiros comerciais do país de forma unilateral, afetando a importação de produtos e bens.
O Brasil foi o maior prejudicado pela sanção comercial de Trump, com uma tarifa de 50%. Em resposta, o governo brasileiro defendeu a soberania nacional e se mostrou aberto para negociar com os norte-americanos.
Com o tarifaço, diversos setores produtivos podem ser afetados, com destaque para agricultura e indústria de produção. De acordo com dados oficiais, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino o mercado norte-americano.
Caso os países não cheguem a um acordo até 1º de agosto, o presidente Lula não descartou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, previsto na Lei de Reciprocidade Econômica.
*Com informações de UOL e Metrópoles.