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Depois de se reunir com empresários, Alckmin avalia pedir para EUA adiar aumento de tarifas

Depois de se reunir com empresários, Alckmin avalia pedir para EUA adiar aumento de tarifas

Ivanildo Pereira
Por Ivanildo Pereira | 15 de julho de 2025

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) confirmou, nesta terça-feira (15/7), a possibilidade de solicitar a extensão do prazo de negociações no âmbito do “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras. Ele fez essa declaração após reunião do governo com representantes da indústria brasileira.

Estiveram presentes representantes de entidades e empresas das áreas de aviação, aço, alumínio, celulose, maquinário, madeira, calçados, móveis e autopeças. À tarde, o governo recebe empresários do agro.

“Nós queremos resolver o problema e o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, disse Alckmin.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) sugeriu estender o prazo para 90 dias. Eles haviam estimado em 110 mil as demissões que poderiam acontecer se o tarifaço for mantido.

“O que temos aqui é um verdadeiro perde-perde, não faz sentido. Saímos do piso [tarifário, de 10%] para o teto [de 50%] sem nenhuma motivação econômica”, declarou o presidente da confederação Ricardo Alban.

Alckmin abriu a reunião refutando a justificativa econômica da gestão Trump, e questionou a alegação do americano de que haveria déficit para os EUA na relação comercial:

“Dos dez principais produtos, oito são [com] tarifa zero: não pagam nenhum imposto para entrar no Brasil, e a tarifa média de importação é de 2,7%”.

Os encontros não se limitarão ao dia de hoje. O objetivo do governo é falar com os setores “que têm mais relação comercial com os Estados Unidos”, incluindo empresas e instituições norte-americanas, e membros da iniciativa privada brasileira.

Ainda segundo Alckmin, foi instaurado o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, de acordo com decreto do presidente Lula. O comitê será responsável por deliberar sobre a aplicação de contramedidas provisórias e acompanhar as negociações sobre as medidas unilaterais impostas contra o país.

Integram o comitê o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o presidirá, e os ministros da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das Relações Exteriores.


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Até o momento, o governo americano tarifou 24 parceiros comerciais do país de forma unilateral, afetando a importação de produtos e bens.

O Brasil foi o maior prejudicado pela sanção comercial de Trump, com uma tarifa de 50%. Em resposta, o governo brasileiro defendeu a soberania nacional e se mostrou aberto para negociar com os norte-americanos.

Com o tarifaço, diversos setores produtivos podem ser afetados, com destaque para agricultura e indústria de produção. De acordo com dados oficiais, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino o mercado norte-americano.

Caso os países não cheguem a um acordo até 1º de agosto, o presidente Lula não descartou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, previsto na Lei de Reciprocidade Econômica.

*Com informações de UOL e Metrópoles.