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Sul do Amazonas: governo federal fará plano para evitar conflitos

Sul do Amazonas: governo federal fará plano para evitar conflitos

Gerson Severo Dantas
Por Gerson Severo Dantas | 16 de julho de 2025

O Governo Federal vai formar um grupo de trabalho para viabilizar a adoção das propostas apresentadas por nove prefeituras de municípios do Sul do Amazonas onde o desmatamento alcançou níveis alarmantes e cujos produtores rurais entraram em conflito com a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A decisão foi anunciada após uma reunião, nesta quarta-feira (16/7), entre os prefeitos de Apuí, Marquinhos de Apuí; Boca do Acre, Frank Barros; e o ex-prefeito de Lábrea, Gean Barros, com o secretário especial de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI), André Ceciliano, homem forte da ministra-chefe da SRI, Gleisi Hoffmman.

O encontro foi articulado pelo deputado federal Sidney Leite (PSD) após uma operação de fiscalização do Ibama, no fim de junho, ser considerada desproporcional, com a destruição de currais, cercas e casas de agricultores. A situação no Sul do Amazonas mobilizou o comércio, sindicatos, câmara, prefeitura e a bancada do Amazonas em Brasília.

Conforme Marquinhos de Apuí, a reunião com Ceciliano foi a quarta realizada em Brasília e a mais produtiva, pois os nove municípios da região do Sul do Amazonas puderam apresentar uma proposta de ajuste às regras ambientais.

“É um ajuste ambiental, mas social também, pois pede maior esforço (do governo) para a legalização fundiária, derrubada de embargos em áreas produtivas, licenciamento ambiental e a realização do zoneamento ecológico e econômico”, explica Marquinhos de  Apuí.


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Devastação no Sul do Amazonas tem epicentro em Apuí

O município de Apuí, no Sul do Amazonas, emergiu como um dos epicentros do desmatamento no bioma amazônico nos últimos seis meses, liderando os rankings de alertas no Estado e contribuindo significativamente para a devastação da região.

De acordo com dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2025, já foram detectados 479 alertas, que culminaram na supressão de aproximadamente 19 mil hectares de floresta, área equivalente a 26 mil campos de futebol. No total foram aplicadas multas no valor de R$ 173 milhões.

A ação, conduzida em Apuí (AM), teve o objetivo de reprimir infrações ambientais associadas à invasão e à grilagem de terras públicas, priorizando alvos de desmatamento ilegal em áreas vinculadas a projetos de assentamento, que figuram na lista dos mais desmatados do bioma nos últimos anos.

André Ceciliano afirmou que houve avanços na construção de um programa de regularização ambiental e reordenamento territorial no Sul do Amazonas, com ganhos para a política econômica da região.

“Tudo isso numa construção com o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (IcmBio) e Incra. Esses autores vão encaminhar um plano um projeto de sustentabiliidade da região com o compromisso de manter a nossa mata”, afirmou Ceciliano, o principal interlocutor do Planalto com os políticos da região.

Gean Barros também destacou a importância do diálogo para evitar conflitos como os que ocorreram em Apuí, construindo um entendimento que seja respeitoso com os que produzem, mas ao mesmo tempo respeitando o meio ambiente.

Nós viviamos um momento de apreensão, mas agora, no Sul do Amazonas, estamos de braços abertos para construir um entendimento que seja respeitoso com os que lá produzem, mas, ao mesmo tempo, tendo respeito ao meio ambiente. Vamos sentar à mesa e fazer o que é possível para respeitar o homem do campo, que produz para o nosso Brasil, mas também respeitar o meio ambiente”, prometeu Gean Barros.