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‘Inconformado’, Valdemar Costa Neto apaga nota e aponta ‘exagero’ em decisão de Moraes

‘Inconformado’, Valdemar Costa Neto apaga nota e aponta ‘exagero’ em decisão de Moraes

Kell Vasquez
Por Kell Vasquez | 04 de agosto de 2025

A primeira declaração do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), repercutiu e gerou reações nas redes sociais. No perfil oficial da legenda, uma inusitada e nota curta foi publicada após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs novas restrições ao ex-chefe do Executivo.

“Estou inconformado! O que mais posso dizer?”, escreveu Valdemar, sem mencionar diretamente o teor jurídico da decisão, tampouco apresentar uma posição institucional do partido.

A postagem provocou reações e parte dos seguidores criticou o tom da mensagem cobrando uma postura mais firme e formal. A nota de apenas sete palavras de Valdemar foi alvo de ironias entre outros deputados da direita.

“Que nota mais imbecil é essa? Pelo amor de Deus”, respondeu Gayer. “Parabéns, Valdemar! Ganhou o prêmio de nota mais constrangedora da história da humanidade”, disse o deputado federal Kim Kataguiri. Procurado, Valdemar não respondeu aos comentários.

 

Pouco tempo depois a nota foi apagada para que outra fosse publicada com conteúdo informativo, onde o presidente da legenda partido afirma que a decisão de Moraes “acirra os ânimos e passa um sentimento de exagero”.

“A ordem de prisão do Presidente Bolsonaro, um dia após as manifestações populares (as quais Bolsonaro não compareceu), soa como vontade de calar uma boa parte da população brasileira que, de forma pacífica, conforme autoriza a constituição, foi às ruas protestar, como permite um regime democrático. Essa medida apenas acirra os ânimos e passa, cada vez mais, um sentimento de exagero no curso do inquérito, mesmo antes de qualquer condenação”, diz a nota.

 

Medidas cautelares

Desde 18 de julho, Bolsonaro já cumpria medidas cautelares impostas pelo STF, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa à noite (entre 19h e 6h) e nos fins de semana. Também estava impedido de viajar para fora do perímetro de Brasília, embora ainda pudesse conceder entrevistas, circular nas ruas e participar de reuniões com aliados.

Com a nova decisão, publicada na segunda-feira (04/08), o ex-presidente passa a cumprir prisão domiciliar em tempo integral, sem possibilidade de sair de casa em nenhuma circunstância. Além disso, ele está proibido de receber visitas, com exceção de seus advogados. A medida, que reforça o caráter de privação de liberdade, impede o acesso de filhos, parlamentares e correligionários.

Prisão domiciliar

A determinação do ministro Alexandre de Moraes foi motivada pela divulgação, nas redes sociais, de vídeos gravados por Bolsonaro durante manifestações realizadas no domingo (03/08), o que configuraria descumprimento das medidas anteriores.

A decisão intensificou o clima de tensão entre os poderes. Aliados de Bolsonaro afirmam que o episódio deve acelerar a articulação em torno de dois temas no Congresso: a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim do foro privilegiado — medida que, se aprovada, poderia transferir o processo criminal do ex-presidente para a primeira instância.