
Nova reitora da Ufam, Tanara Lauschner: “A diversidade social é a base da riqueza acadêmica da instituição”

A professora Tanara Lauschner tomou posse como reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para o mandato 2025-2029 no dia 4 de julho deste ano. Em seu primeiro discurso oficial, em cerimônia realizada no Auditório Eulálio Chaves, no setor Sul do campus universitário, ela defendeu a valorização da pesquisa amazônica e políticas de inclusão na instituição e também destacou o compromisso com a diversidade.
A nova reitora conversou com a jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital, para abordar suas projeções, expectativas e desafios em sua gestão.
Leia a íntegra a entrevista com Tanara Lauschner
Rede Onda Digital – Em seu discurso, a senhora destacou a valorização da pesquisa amazônica e políticas de inclusão na instituição. O que motivou essa mensagem neste momento de transição?
Tanara Lauschner – A UFAM está situada no Amazonas, estado de grande diversidade social, incluindo indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pessoas com deficiência, neurodivergentes e a comunidade LGBTQIAPN+. Esses grupos devem ser reconhecidos em nossas políticas de diversidade, inclusão e equidade. A diversidade social é a base da riqueza acadêmica da instituição.
Considerando a nossa sociobiodiversidade, é fundamental valorizar a Amazônia em nossas pesquisas. É claro que reconhecemos e valorizamos as pesquisas e ações também em outras áreas, mas sabemos da importância do conhecimento gerado localmente e dos saberes tradicionais.
Rede Onda Digital – Quais serão as suas principais prioridades nos primeiros 100 dias de gestão?
Tanara Lauschner – A prioridade dos 100 primeiros dias de gestão é a infraestrutura. Temos questões básicas relacionadas ao fornecimento de água e de energia e à internet que precisam ser equacionadas.
Precisamos, também, evidenciar a relevância social da UFAM para a sociedade amazonense, e isso será feito por meio da divulgação das ações de pesquisa e de extensão que impactam tantas pessoas no nosso estado.
Outro ponto importante é a concretização do campus de São Gabriel da Cachoeira. O Ministério da Educação (MEC) incluiu a UFAM no PAC Expansão. Então nós precisamos nos empenhar para que esse projeto se concretize, até para que nós possamos alcançar um de nossos objetivos, que é aumentar a inclusão na nossa universidade, e uma das formas de alcançar isso é implementar um de nossos campus na cidade mais indígena do país.
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Rede Onda Digital – A Ufam tem campus espalhados por diversos municípios do estado. Como a senhora pretende garantir a integração e o fortalecimento dessas unidades no interior?
Tanara Lauschner – A missão da universidade em formar pessoas no interior do Estado é uma das missões mais importantes. Integrar esses campi, descentralizar recursos para as unidades fora da sede foi um de nossos compromissos de campanha.
A UFAM é uma instituição multicampi e pretendemos que essa cultura seja incorporada por toda a comunidade acadêmica. Para que isso ocorra, boa parte de nossa gestão é composta por pessoas que vieram das unidades de outros municípios, incluindo nosso vice-reitor. Aliás, é a primeira vez, na história da UFAM, que temos na gestão superior alguém que conhece a realidade do interior. Isso permite que tenhamos uma visão mais integrada a respeito da instituição.
Rede Onda Digital – Como a nova gestão pretende atuar frente ao cenário orçamentário das universidades federais? Há estratégias para garantir autonomia e sustentabilidade?
Tanara Lauschner – Temos um orçamento aprovado pelo Congresso, mas sabemos que isso não é suficiente. Precisamos nos articular para aumentar o orçamento da nossa universidade, seja pela aprovação de emendas por meio de nossa bancada federal, seja aderindo aos projetos da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais (Andifes) para ampliar o orçamento da universidade.
A comunidade acadêmica pode contar com uma reitora que estará bastante articulada para conseguir financiamento para a nossa universidade, inclusive entre outros ministérios.

Rede Onda Digital – A Ufam tem um papel importante na formação crítica e científica da população amazônida. Como a senhora avalia esse papel frente aos desafios ambientais, sociais e políticos da região?
Tanara Lauschner – A UFAM é uma das instituições mais relevantes e renomadas na Amazônia. Formamos cidadãos críticos, comprometidos com o avanço científico e conscientes de seu papel no enfrentamento aos problemas ambientais e sociais da nossa região.
O fortalecimento da democracia, o combate às mudanças climáticas, a valorização de nossos povos tradicionais e a redução das desigualdades sociais são temas que nossa instituição aborda, seja por meio da pesquisa, do ensino ou da extensão. Ou seja, a universidade é um agente de transformação.
Formamos profissionais conectados com as demandas sociais locais, com os saberes tradicionais e sempre preocupados em oferecer soluções sustentáveis.
Ou seja, a UFAM é uma universidade socialmente referenciada, atenta às necessidades da nossa região e comprometida com o desenvolvimento justo e inclusivo de nossa população.