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PGR pede ao STF condenação de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

PGR pede ao STF condenação de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

Otávio Vislley
Por Otávio Vislley | 15 de julho de 2025

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta segunda-feira (14/7), pouco antes da meia-noite, o parecer final da Ação Penal nº 2.668, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. O documento entregue à Corte tem 517 páginas e marca uma etapa decisiva no processo que pode levar à condenação do ex-chefe do Executivo e da alta cúpula do seu antigo governo.

No parecer, Gonet pede a condenação de Bolsonaro por diversos crimes: liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com prejuízo considerável à vítima e deterioração de patrimônio tombado.

Após essa entrega, abre-se o prazo processual para que a defesa do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, delator do caso, se manifeste. Mauro Cid tem 15 dias para apresentar suas alegações finais. Em seguida, abre-se um prazo conjunto para que os demais réus, incluindo Jair Bolsonaro, apresentem suas defesas. Como os prazos não são interrompidos durante o recesso do Judiciário em julho, a expectativa é que todas as manifestações estejam concluídas até o dia 11 de agosto.

Com isso, o julgamento no STF pode ser realizado entre agosto e setembro, dependendo do ritmo das análises e da agenda do tribunal. O processo tem como relator o ministro Alexandre de Moraes, que é citado na delação de Mauro Cid como alvo de ameaças por parte dos investigados.

Bolsonaro explica porque não passou faixa presidencial a Lula:
(Foto: Antônio Augusto/STF)

Réus negam envolvimento em golpe de Estado

Antes da fase de alegações finais, os réus prestaram depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, onde negaram qualquer envolvimento em uma tentativa de golpe e rebateram as acusações feitas pela PGR. As oitivas foram realizadas com todos os membros do núcleo central da suposta trama.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, o plano golpista envolvia manobras militares, disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral, produção de documentos fraudulentos e articulações para subverter a ordem constitucional, com o objetivo de manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022.


Saiba mais:


Os crimes atribuídos ao grupo

Os crimes imputados aos membros do chamado núcleo 1 da organização são os seguintes:

  • Organização criminosa armada;

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

  • Golpe de Estado;

  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo à vítima;

  • Deterioração de patrimônio tombado.

Quem são os réus ao lado de Bolsonaro

A PGR aponta que o núcleo central da suposta trama é composto por oito pessoas, entre elas Jair Bolsonaro e sete aliados de alto escalão. Todos eles foram interrogados pelo STF:

  • Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é acusado de espalhar notícias falsas sobre fraudes nas eleições.

  • Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha, teria manifestado apoio ao golpe durante reunião com comandantes das Forças Armadas. Segundo a PGR, chegou a colocar tropas da Marinha à disposição do plano golpista.

  • Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, é apontado como responsável pelo apoio jurídico ao plano de golpe. A PGR destacou a descoberta de uma minuta de decreto golpista encontrada em sua casa em janeiro de 2023.

  • Augusto Heleno: general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), teria participado de lives com desinformação sobre o sistema eleitoral. Uma agenda pessoal com anotações sobre a deslegitimação das urnas eletrônicas foi encontrada pela Polícia Federal.

  • Jair Bolsonaro: ex-presidente da República, é acusado de liderar toda a articulação para impedir a transição democrática de poder. A PGR afirma que Bolsonaro comandou diretamente as ações com objetivo de se manter no cargo.

  • Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é colaborador premiado no processo. De acordo com a PGR, ele participou de reuniões, trocou mensagens sobre o planejamento do golpe e operou parte das ações em campo.

  • Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, teria apresentado um decreto redigido por Bolsonaro aos comandantes militares. O texto criava uma “Comissão de Regularidade Eleitoral” e buscava anular o resultado oficial das eleições.

  • Walter Braga Netto: ex-ministro e general da reserva, é o único réu preso atualmente. Detido em dezembro de 2024, é acusado de obstruir investigações e financiar atos antidemocráticos. Segundo a delação de Mauro Cid, Braga Netto teria entregado dinheiro em uma sacola de vinho para sustentar acampamentos e planejar ações que incluíam um suposto plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes.