
Empresário é investigado por emprestar caminhonete a motorista embriagado que causou acidente em Manaus

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) investiga a responsabilidade do empresário Alexandre Martins Soares Filho, de 21 anos, sócio da empresa Amazonpostes Indústria de Artefatos de Concreto, Ferro e Fibra Ltda., por ter emprestado sua caminhonete RAM preta, de placa TAC-7E87, a Pedro Ivan Melo da Silva, de 22 anos. No dia 2 de julho, Pedro provocou um grave acidente na Avenida Coronel Teixeira, bairro Ponta Negra, zona Oeste da capital.
O acidente
De acordo com os autos do inquérito, por volta das 9h da manhã, Pedro dirigia a caminhonete em alta velocidade, quando colidiu violentamente com a traseira de um Jeep Renegade conduzido por uma mulher de 63 anos, que levava o neto de apenas 3 anos no banco de trás. A condutora sinalizava para acessar o estacionamento de uma escola particular quando foi atingida. Com o impacto, o veículo foi arremessado contra o muro da unidade escolar.

A mulher ficou inconsciente e sofreu múltiplas lesões na cabeça, braços e pernas. Ela e a criança foram socorridas por ambulâncias e encaminhadas ao Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, na zona Leste. O estado de saúde da criança não foi detalhado, mas ambos sobreviveram.

Câmeras revelam sequência antes do acidente
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela investigação revelaram que a caminhonete do empresário havia saído minutos antes de um motel localizado na própria Avenida Coronel Teixeira. Em seguida, o motorista fez uma manobra arriscada ao contornar um cone de sinalização na via, antes de seguir em alta velocidade pela avenida onde ocorreu o acidente.
Embriaguez confirmada
Pedro Ivan foi preso em flagrante no local e encaminhado ao Hospital 28 de Agosto, onde realizou o teste de alcoolemia. O resultado apontou 0,34 mg/L de álcool por litro de ar alveolar, valor muito acima do permitido por lei (0,05 mg/L). Em depoimento, Pedro admitiu ter consumido gin e vodca na noite anterior, mas negou ter ingerido álcool na manhã do acidente. No entanto, garrafas de bebidas alcoólicas foram encontradas dentro da caminhonete, o que contradiz sua versão.
CNH vencida há 10 meses
Além da embriaguez, Pedro dirigia com a Carteira Nacional de Habilitação vencida desde setembro de 2024, fato confirmado pelo Detran-AM. Mesmo sem a documentação regular, ele assumiu o volante do veículo pertencente a Alexandre Martins, que é registrado em nome do empresário e vinculado à Amazonpostes.
Empresário investigado
Em depoimento, o empresário alegou que confiava em Pedro e não sabia da irregularidade da habilitação. Ele afirmou ter emprestado o carro para que o amigo buscasse outras pessoas no aeroporto, mas que estava sob efeito de medicamentos para dormir e não percebeu que o veículo não havia sido devolvido naquela mesma noite.
Alexandre foi incluído no inquérito policial com base no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que considera infração entregar a direção de veículo a pessoa não habilitada, com habilitação vencida ou sem condições de dirigir com segurança.
Art. 310 do CTB: “Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou suspensa, ou ainda, a quem por seu estado de saúde, físico ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.”
A caminhonete utilizada no acidente é patrimônio da empresa Amazonpostes, da qual Alexandre é sócio ao lado de Rodrigo Lima Monteiro e Francisco Gervan Pena de Abreu.
Liberdade negada
Pedro Ivan teve liberdade provisória negada pela Justiça do Amazonas e segue preso. A Polícia Civil apura agora se o empresário poderá ser responsabilizado civil e criminalmente pelos danos causados às vítimas e pelo uso irregular do veículo de sua empresa.
O caso segue em investigação
A Polícia Civil do Amazonas segue colhendo depoimentos e analisando documentos e imagens para concluir o inquérito. A possível responsabilização do empresário deve pesar especialmente sobre a negligência em permitir que uma pessoa com CNH vencida e sob suspeita de embriaguez conduzisse um veículo que resultou em grave acidente.
Enquanto isso, a sociedade aguarda justiça para a idosa e a criança atingidas de forma brutal por uma sequência de imprudência, negligência e irresponsabilidade.
Informações: Revista Cenarium