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Plano Punhal Verde e Amarelo: General Fernandes confessa ser autor de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Plano Punhal Verde e Amarelo: General Fernandes confessa ser autor de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Phill Vasconcelos
Por Phill Vasconcelos | 24 de julho de 2025

Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (24/7), o general da reserva Mario Fernandes confirmou ser autor do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes. Ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, o militar alegou que o documento seria apenas uma “análise pessoal” que resolveu digitalizar.

“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, afirmou.

O general disse ainda que imprimiu o texto, mas disse que foi apenas para facilitar a leitura, por dificuldades visuais, e que teria rasgado a versão física logo em seguida.

As investigações da Polícia Federal, porém, apontam que três cópias do plano foram impressas dentro do Palácio do Planalto — e que, menos de uma hora depois, Fernandes teria se deslocado ao Palácio da Alvorada, onde estavam Jair Bolsonaro e o então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

Questionado sobre esse encontro, o general negou qualquer ligação com o plano. “Eu imprimi para ler no papel, para não forçar a vista. Após isso, rasguei. Esse horário foi uma coincidência em relação a minha atribuição administrativa e logística como secretário executivo. Não compartilhei esse arquivo com ninguém”, respondeu o general.


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Apesar das negativas, a PF sustenta que Bolsonaro tinha conhecimento do plano e que Fernandes estava entre os militares mais alinhados à proposta de uma ação incisiva das Forças Armadas para impedir a posse de Lula, em 2022. A afirmação consta na delação de Mauro Cid, peça-chave no inquérito que investiga a tentativa de golpe.

O plano de assassinato foi revelado em novembro de 2024, durante uma operação da Polícia Federal. De acordo com os investigadores, o grupo envolvido, formado majoritariamente por integrantes das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, tinha como alvos principais Lula, Alckmin e Moraes. A data escolhida para o ataque seria 15 de dezembro de 2022, poucos dias após a diplomação do presidente eleito.

Os detalhes do plano incluem a possibilidade de envenenamento das vítimas e o uso de armamento pesado, como fuzis, pistolas, metralhadoras e até um lança-granadas. As autoridades também confirmaram que Alexandre de Moraes estava sendo monitorado pelos integrantes do grupo.

Com o depoimento de Fernandes, o STF encerra a fase de instrução do processo envolvendo o chamado “núcleo 2” da suposta organização golpista. O caso agora segue para análise final da Corte.