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Senado aprova marco temporal das terras indígenas, mas Lula diz que vai vetar

Senado aprova marco temporal das terras indígenas, mas Lula diz que vai vetar

Ivanildo Pereira
Por Ivanildo Pereira | 28 de setembro de 2023

Na noite de quarta, 27, o Senado federal aprovou o projeto de lei que prevê o marco temporal das terras indígenas. O placar da votação foi de 43 a 21.

Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) já tinha declarado a tese inconstitucional, e no mesmo dia da aprovação no Senado, a corte decidiu que a União deverá indenizar ocupantes de boa-fé que perderam suas terras devido a uma demarcação.

A tese do marco temporal estabelece que os povos indígenas só teriam direito às terras que estivessem em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição do BrasilA tese é defendida por proprietários de terra e a bancada agrária no Congresso. Já os povos indígenas consideram que a norma valida invasões e usurpações de seus territórios.


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A tramitação no Senado foi acelerada: na tarde desta quarta (27), o texto fora aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), e  a Casa aprovou regime de urgência — por 41 votos a 20 — para que a proposta fosse a plenário no mesmo dia (momentos depois, os senadores aprovaram o texto).

O PL aprovado no Senado não trata só do marco temporal: também pode anular demarcações de terras indígenas já consolidadas, proíbe a ampliação das já demarcadas e prevê indenização a produtores rurais desapropriados.

O texto, que já tinha passado pela Câmara, seguirá agora para sanção ou veto do presidente Lula (PT). A senadores governistas, o presidente já teria afirmado que vai vetar a tese que passou no Congresso, ou que no mínimo não aprovará o texto na íntegra.

De qualquer maneira, a disputa sobre o assunto vai se prolongar. Como o marco temporal foi declarado inconstitucional pelo STF, é quase certo que a lei será contestada na Corte e barrada pelos ministros quando for julgada. Por isso, congressistas ligados ao agronegócio já apresentaram na semana passada uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) prevendo o marco temporal. A proposta dos ruralistas é estabelecer a tese na própria Constituição, para que o Supremo, em tese, não possa derrubá-la.