
Demissão em massa: Philco dispensa 800 funcionários de fábrica em Manaus

Cerca de 800 trabalhadores da fábrica da Britânia Eletrodomésticos, dona da marca Philco, em Manaus, foram demitidos, em uma decisão repentina que expôs a vulnerabilidade dos funcionários frente à oscilação do mercado.
A unidade da empresa, responsável pela produção de televisores, fornos de micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado, é uma das maiores empregadoras do Polo Industrial de Manaus. Com o corte, aproximadamente 30% da força de trabalho foi desligada, afetando diretamente a renda e estabilidade de quem, até então, sustentava a produção local.
Em nota oficial, a companhia alegou que a queda nas vendas, especialmente de TVs e micro-ondas, impediu que as metas de crescimento para 2025 fossem atingidas. “Diante desse cenário, foi necessário realizar um ajuste no quadro de colaboradores”, diz o comunicado. No entanto, o argumento não convenceu o sindicato da categoria.
Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, afirmou que a decisão foi “atípica”, já que outras empresas do mesmo setor não seguiram o mesmo caminho. “As concorrentes fizeram ajustes pontuais, mas nada semelhante a essa demissão em massa. A Philco está com estoque acumulado, sim, mas o mercado não parou totalmente”, avaliou.
Os desligamentos ocorrem em um momento em que a indústria amazonense celebra recorde de empregos: são 132 mil trabalhadores ativos no polo industrial, e há uma demanda crescente por mão de obra qualificada. Apesar disso, a ruptura repentina ainda gera incertezas para quem dependia do salário para manter a casa.
As homologações começaram nesta segunda-feira (14/7), na sede do sindicato. Como compensação, os trabalhadores demitidos terão direito a manutenção do plano de saúde até o fim de agosto, além de três cestas básicas, ou quatro, para aqueles com mais de dois anos de serviço. Também foi negociada prioridade na recontratação, caso a empresa volte a abrir vagas.
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A Philco afirmou que os cortes se limitam à planta de Manaus e que as fábricas de Joinville (SC) e a sede em Curitiba (PR) não foram afetadas. A empresa não divulgou o número exato de colaboradores por unidade, alegando motivos estratégicos.
Mesmo com o “pacote de saída” oferecido, o sentimento entre os desligados é de frustração. Muitos viram o corte como um baque inesperado após anos de dedicação. Para as famílias, fica a incerteza de quando — e se — uma nova oportunidade surgirá à altura da que perderam.
Leia a nota do Sindicato na íntegra
O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas acompanha com atenção a demissão em massa na empresa Philco e reforça seu compromisso com os trabalhadores atingidos. A medida afetou cerca de 800 funcionários e representa um duro impacto para o Polo Industrial de Manaus e para centenas de famílias amazonenses.
Desde o primeiro momento, o Sindicato atuou de forma firme e técnica, garantindo que os direitos dos trabalhadores fossem respeitados. Nossa equipe jurídica segue à disposição para revisar rescisões, orientar e dar suporte individual a cada trabalhador.
Como resultado das negociações com a empresa, foi firmado um acordo coletivo, respeitando o que está previsto na Convenção Coletiva de Trabalho. O acordo prevê:
– a manutenção do plano de saúde para os trabalhadores e seus dependentes mesmo após o desligamento, por período determinado;
– a oferta de cartão alimentação por tempo acordado;
– e a priorização dos trabalhadores demitidos em caso de recontratação futura, à medida que as condições da empresa se estabilizem no campo fabril e comercial.
O Sindicato segue firme na defesa da classe trabalhadora e continuará acompanhando de perto todas as etapas desse processo, com responsabilidade, transparência e lado: o lado do trabalhador.
Valdemir Santana
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas