
Irã e Israel anunciam cessar-fogo após 12 dias de conflito

O conflito entre Irã e Israel chegou ao fim, segundo anunciou o governo iraniano na manhã desta terça-feira (24/6). Após 12 dias de intensos combates, ambos os países confirmaram a trégua, que contou com mediação dos Estados Unidos e do Catar, apesar de sinais de violação logo nas primeiras horas.
De acordo com a imprensa estatal do Irã, o presidente Masoud Pezeshkian classificou o resultado como uma “grande vitória” para a nação persa. Ele reforçou que a guerra foi “imposta ao Irã pelo aventurismo de Israel”, dando a entender que Teerã considera o confronto encerrado sob seus próprios termos de resistência.

A declaração oficial ocorre poucas horas depois do início do cessar-fogo, que entrou em vigor às 1h da manhã, no horário de Brasília. O anúncio foi feito na noite anterior pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que assumiu a linha de frente da negociação junto ao premiê israelense Benjamin Netanyahu e ao primeiro-ministro do Catar.
Espaço aéreo do Irã reabre após 12 dias fechado
Outro reflexo direto do cessar-fogo foi o anúncio de reabertura do espaço aéreo iraniano ainda na noite desta terça-feira, após quase duas semanas de restrições severas.
Porém, segundo informações do site FlightRadar 24, que monitora voos em tempo real, algumas aeronaves internacionais já haviam decolado e pousado em Teerã nas últimas horas, mediante permissões especiais concedidas pelas autoridades locais.
A normalização completa do tráfego aéreo depende, agora, da estabilidade do acordo de cessar-fogo e da ausência de novos ataques que possam ameaçar rotas comerciais sobre o território iraniano.

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Cessar-fogo instável
Apesar da trégua anunciada, o clima de tensão permanece alto. O presidente Donald Trump afirmou publicamente que tanto Israel quanto o Irã violaram os termos do cessar-fogo já nas primeiras horas de vigência. Ele declarou que está “insatisfeito com os dois lados” e fez um apelo direto para que Tel Aviv modere suas ações militares.
“Israel tem de se acalmar. Tenho de fazer Israel se acalmar”, disse Trump antes de embarcar para a cúpula da Otan, em Haia, reforçando que novas agressões podem comprometer o acordo.
Em postagem numa rede social, o presidente americano alertou: “Israel, não jogue suas bombas. Se fizer isso, será uma grande violação.”

Israel promete intensificar ação em Gaza
Do lado israelense, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Eyal Zamir, declarou oficialmente o fim dos ataques a alvos iranianos. Porém, ele ressaltou que a “campanha contra o Irã ainda não acabou” e que as operações agora serão redirecionadas para a Faixa de Gaza, onde Israel enfrenta o grupo Hamas desde outubro de 2023.
“Nós encerramos um capítulo significativo com o Irã, mas nosso foco agora é resgatar os reféns em Gaza e desmantelar o regime do Hamas”, disse Zamir.
Desde março, Israel retomou bombardeios intensos sobre Gaza após uma breve trégua de dois meses. Apesar da liberação de ajuda humanitária, a situação no território palestino continua crítica, com relatos de longas filas e tiroteios em pontos de distribuição de alimentos.
EUA e Catar foram peças-chave na costura do acordo
O anúncio do cessar-fogo entre Irã e Israel é atribuído a uma negociação de emergência articulada por Donald Trump e por líderes do Catar. Segundo a agência Reuters, o acordo só avançou após conversas telefônicas entre Trump e Netanyahu, além de diálogos intermediados pelo primeiro-ministro do Catar.
Uma fonte oficial americana revelou que Teerã só aceitou a trégua sob condição de que não houvesse novos ataques israelenses em solo iraniano. Na mesa de negociações, participaram o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff.
Horas antes da assinatura do acordo, o Irã havia lançado mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, como retaliação a bombardeios de suas usinas nucleares por parte dos Estados Unidos.
* Com informações de CNN, Metrópoles e G1.