Rede Onda Digital
Ouça a Rádio 92,3Assista a TV 8.2
Oposição aciona PGR contra Erika Hilton por supostamente pagar maquiadores com verba pública; deputada nega

Oposição aciona PGR contra Erika Hilton por supostamente pagar maquiadores com verba pública; deputada nega

Otávio Vislley
Por Otávio Vislley | 25 de junho de 2025

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tornou-se alvo de uma representação protocolada nesta terça-feira (24/6) por parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados. A acusação central é o suposto uso indevido de verba pública para pagar dois maquiadores que estariam atuando como assessores parlamentares em seu gabinete. A denúncia foi apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Conselho de Ética da Câmara.

Segundo o deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, a representação tem como objetivo apurar possível ato de improbidade administrativa e dano ao erário, com base em postagens nas redes sociais dos próprios servidores que mostram atividades de maquiagem para a deputada. Ele afirma também ter encaminhado o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU).

A utilização de cargo público para prestação de serviços particulares — como maquiagem e produção de imagem pessoal — representa afronta direta à legalidade administrativa e à moralidade no trato da coisa pública“, afirma a representação assinada por Zucco e pelo vice-líder da oposição, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP).

Além de acionar a PGR, o deputado Zucco afirma ter enviado o caso ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o que pode dar início a um processo disciplinar contra Erika Hilton.

“O Congresso não pode se omitir diante do uso da máquina pública para fins particulares. Todo agente político deve responder com transparência e rigor diante de denúncias como esta. A população brasileira exige respeito com o dinheiro público e a devida responsabilização de quem o utiliza de forma indevida”, declarou o deputado em nota oficial.

Quem são os assessores citados na denúncia

De acordo com o portal da Câmara dos Deputados, Índy Cunha e Ronaldo Cesar Hass estão formalmente contratados como secretários parlamentares no gabinete de Erika Hilton. Cunha está lotada desde dezembro de 2023, com salário bruto de cerca de R$ 2 mil, enquanto Hass foi contratado em maio de 2024, recebendo aproximadamente R$ 9 mil brutos.

Ambos são apontados por opositores como maquiadores da deputada Erika Hilton. As críticas ganharam força após virem a público publicações de Índy e Hass no Instagram, nas quais relatam participação em produções de maquiagem para Hilton.

Erika Hilton nega acusações

Em resposta, Erika Hilton usou as redes sociais para se defender das acusações. A deputada negou qualquer irregularidade e afirmou que seus dois assessores atuam regularmente em seu gabinete, desempenhando funções diversas e essenciais para o mandato.

“O que eu tenho são dois secretários parlamentares que, todos os dias, estão comigo e me assessoram em comissões e audiências, ajudam a fazer relatórios, preparam meus briefings, dialogam diretamente com a população e prestam um serviço incrível me acompanhando nas minhas agendas em São Paulo, em Brasília, nos interiores e no exterior”, escreveu a deputada.

Erika Hilton
A deputada Erika Hilton (Foto: Divulgação)

Hilton explicou ainda que conheceu os dois como maquiadores, mas decidiu contratá-los por reconhecer “outros talentos”. Ela confirmou que ambos ainda fazem sua maquiagem quando possível, mas reforçou que essa atividade não é a principal nem a justificativa para a contratação.

“Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, disse Erika Hilton.

Erika Hilton rebateu as investidas da oposição ao classificar o movimento como parte de uma “perseguição política” que visa enfraquecer seu mandato e descredibilizar o trabalho que realiza como parlamentar.

“Isso é um sintoma de uma perseguição, de uma tentativa de desmonte generalizado”, afirmou.

Leia a nota de Erika Hilton na íntegra:

Não, meus amores, eu não contrato maquiador com verba de gabinete. Isso é simplesmente uma invenção.

O que eu tenho são dois secretários parlamentares que, todos os dias, estão comigo e me assessoram em comissões e audiências, ajudam a fazer relatórios, preparam meus briefings, dialogam diretamente com a população e prestam um serviço incrível me acompanhando nas minhas agendas em São Paulo, em Brasília, nos interiores e no exterior.

Tudo completamente comprovado por fotos, vídeos e pelo próprio trabalho cotidiano deles.

E sim, conheci eles como maquiadores, identifiquei outros talentos e os chamei para trabalhar comigo. Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares.

E a velocidade com que espalharam essa mentira ontem é desumana. Um tweet, que virou uma matéria de título tendencioso, que virou trending topic, que virou uma onda de tweets e postagens da parlamentares da extrema-direita e daquelas figurinhas de sempre.

Isso não são sintomas de uma reação por uma contratação vista como suspeita num gabinete. Isso temos dia sim, dia não, na política. E nunca acontece dessa forma.

Isso são sintomas de uma perseguição, de uma tentativa de desmonte generalizado de tudo que alguém faz e já fez.

São sintomas de uma revanche, daqueles eternos derrotados no debate público, que ainda não digeriram de tal PL que foi barrado, ou então porque tive sucesso em uma proposta ou denúncia que não queriam que avançasse.

Que a indigestão dessa gente comigo continue se acumulando. Que os exploda por dentro. Porque aqui, eu e meu gabinete continuaremos trabalhando.

Comigo, com Ronaldo, com Indy e com tanta gente extremamente qualificada. Gente que você vai fazer uma maquiagem e percebe que a pessoa faria um trabalho melhor do que equipes inteiras.

 


Saiba mais:


O que diz a legislação sobre assessores parlamentares

Cada deputado federal tem direito a contratar entre cinco e 25 secretários parlamentares, com a prerrogativa de selecionar livremente os nomes — sem necessidade de concurso público. Essas contratações podem ser feitas tanto para atuação em Brasília quanto nos estados de origem.

Para essas despesas, cada gabinete dispõe de uma verba mensal de R$ 133.170,54, que é destinada exclusivamente para o pagamento dos salários dos assessores. Atualmente, o gabinete de Erika Hilton em Brasília conta com 14 funcionários.

Segundo a Câmara, os secretários parlamentares podem realizar atividades de secretaria, assistência e assessoramento direto e exclusivo ao deputado, o que inclui apoio em eventos, elaboração de documentos, relatórios e demais atividades legislativas e institucionais.

*com informações da CNN Brasil e UOL