
Com fala sobre inclusão racial, novas desembargadoras do TJAM reforçam luta por representatividade

A eleição das juízas Ida Maria Costa de Andrade e Lia Maria Guedes de Freitas como novas desembargadoras do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) representa mais do que uma simples renovação na composição da Corte.
O ato simboliza o fortalecimento da presença feminina no segundo grau do Judiciário estadual, que agora passa a contar com 10 mulheres entre seus 26 membros, um passo significativo rumo à equidade de gênero em espaços historicamente dominados por homens.
A escolha ocorreu na manhã desta terça-feira (1º/7), durante sessão administrativa do Pleno do TJAM. Ida Maria Costa foi promovida por merecimento; Lia Maria Guedes, por antiguidade. Ambas possuem décadas de serviço na magistratura e são reconhecidas pela atuação ética e técnica.
A desembargadora Ida Maria assume a vaga deixada por Joana Meirelles, aposentada em abril deste ano. A escolha seguiu recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que orientou para que apenas mulheres concorressem ao posto. Com 98,84 pontos no processo de avaliação, a magistrada superou outras duas candidatas, Ana Maria de Oliveira Diógenes e Sanã Nogueira Almendros e reforçou a importância de reconhecer trajetórias consolidadas no Judiciário.
Já Lia Maria Guedes, com 35 anos de carreira, foi escolhida por aclamação para a vaga aberta com a aposentadoria compulsória do desembargador Elci Simões. Sua nomeação ocorre em um momento simbólico, já que o magistrado estava afastado por decisão do CNJ, em meio a um processo relacionado ao escândalo da Eletrobras. A substituição, portanto, representa não apenas uma mudança de nomes, mas também uma inflexão ética e institucional.
“Já passou da hora de as mulheres começarem a ocupar cargos importantes, cargos que sejam fundamentais para estabelecer exatamente a presença ativa de uma mulher. Mais que tudo, penso eu, precisamos avançar para refletir também sobre as interseccionalidades, de tal maneira que não seja apenas uma mulher branca, mas também uma mulher negra, uma mulher quilombola, que esteja aqui conosco. Eu acho que é isso que se espera de um tribunal plural no nosso Estado”, destacou a desembargadora Ida Maria.
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Para a nova desembargadora Lia Guedes, a ascensão é vista como uma sequência natural do trabalho:
“Eu chego ao Tribunal de Justiça pelo critério de antiguidade, após 35 anos na magistratura, quase 36 anos, e fico muito feliz de poder chegar e compartilhar esse momento da minha carreira, que para mim é uma consequência natural. É apenas uma sequência do meu trabalho como servidora pública. Então continuarei a servir o povo do Estado da mesma forma como venho fazendo nesses 35 anos” destacou Lia.
A presidente em exercício do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), desembargadora Nélia Caminha Jorge, celebrou a escolha:
“São mulheres competentes e com reconhecida idoneidade. A chegada delas engrandece o Judiciário e amplia o olhar feminino na interpretação das leis.”
A movimentação atual também antecipa uma mudança próxima: em agosto, o TJAM deve escolher mais um novo desembargador, em razão da iminente aposentadoria compulsória do magistrado Domingos Jorge Chalub, que completa 75 anos. A vaga, desta vez, será preenchida pelo chamado “quinto constitucional”, reservada à advocacia, com lista a ser elaborada pela OAB-AM e posterior escolha pelo governador Wilson Lima (União Brasil).
Com a chegada de Ida e Lia ao Pleno, o TJAM não apenas avança no equilíbrio de gênero, mas também sinaliza abertura para um Judiciário mais plural, alinhado às exigências contemporâneas por diversidade, inclusão e legitimidade institucional.
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